Título: Peritos acham sangue nas roupas do pai
Autor: Tavares, Bruno; Godoy, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2008, metropole, p. C3

Camisa e camiseta de Alexandre estavam no apartamento vizinho, pertencente à irmã

Havia vestígios de sangue nas roupas encontradas por peritos do Instituto de Criminalística (IC) no apartamento vizinho ao do casal Alexandre Carlos Nardoni, de 29 anos, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 24. A camisa e a camiseta estavam enroladas juntas, num canto da sala. A unidade 63 do Edifício Residencial London, na Villa Mazzei, zona norte de São Paulo, pertence à irmã de Alexandre, mas está desocupada.

A polícia está certa de que as peças são do rapaz, mas decidiu aguardar o resultado dos exames de DNA antes de questioná-lo sobre o fato. Os investigadores querem saber de quem é o sangue e qual a razão para aquelas roupas terem sido deixadas no apartamento ao lado. Além disso, eles querem saber quando a camisa e a camiseta foram usadas pelo pai de Isabella.

Além das vestes de Alexandre, foram encontrados rastros de sangue em diferentes cômodos do apartamento do casal - lençol do quarto, paredes, corredor, maçaneta da porta da sala e na tela de proteção da janela em que a menina Isabella teria sido jogada. A quantidade de sangue é suficiente para a realização do exame de DNA, que deve ficar pronto, segundo o IC, até a próxima sexta-feira.

ESTRANHAMENTO

O resultado do exame com luminol - substância química que indica marcas de sangue invisíveis a olho nu - também revelou manchas na maçaneta e no interior do Ford Ka, o veículo usado pela família na noite do crime. Na quarta-feira à noite, peritos criminais voltaram ao prédio da Rua Santa Leocádia e recolheram objetos e amostras desses materiais. Todos estão sendo submetidos a análises em laboratório do instituto.

¿É no mínimo estranho o casal não ter esclarecido essas marcas de sangue e a presença da roupa no apartamento vizinho em seu depoimento¿, comentou um perito do IC ouvido pelo Estado. ¿Por isso é que temos dito que a versão apresentada por eles é imprecisa.¿

Por ora, a equipe do IC e os legistas do Instituto Médico-Legal (IML) têm duas certezas: 1) a tela de náilon da janela foi cortada intencionalmente - primeiro com uma tesoura e depois com uma faca de serra; 2) o resultado do exame toxicológico do casal foi negativo, ou seja, Alexandre e Anna Carolina não estavam sob efeito de álcool ou drogas na noite em que Isabella morreu. Embora representem um avanço nas investigações, os resultados são preliminares e terão de ser aprofundados .

Os peritos criminais esperam a conclusão dos exames sobre as lesões encontradas no corpo da menina, sobre as manchas de sangue e a análise do local da morte para fazer a reconstituição oficial de todo o crime. Só então o casal, que está preso temporariamente por 30 dias por ordem da Justiça, será levado para o edifício em que morava para indicar aos peritos sua versão sobre os fatos. O objetivo dos peritos do IC é verificar se a versão dos suspeitos é ou não corroborada pela análise da cena do crime.

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