Título: Crise PT-PMDB vai além de Belo Horizonte
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/04/2008, Nacional, p. A5

Até parceria na Bahia, que elegeu Wagner, está abalada

Vão muito além de Minas Gerais as trombadas entre PMDB e PT na montagem das alianças municipais para outubro. A crise entre os dois partidos é de tal ordem que na quarta-feira passada o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), foi forçado a adiar a reunião que teria com presidentes de diretórios regionais para discutir a aliança preferencial com o PT nas eleições municipais.

¿Achamos melhor apagar alguns incêndios antes de reunir as lideranças estaduais em Brasília¿, justificou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). A revolta maior grassa entre os mineiros, inconformados em tomar um ¿chute eleitoral¿ do PT na briga pela Prefeitura de Belo Horizonte. Mas a parceria bem-sucedida entre PT e PMDB na Bahia, que garantiu a eleição do governador Jaques Wagner (PT), também está abalada.

PT e PMDB estão juntos no secretariado de Wagner e são parceiros na prefeitura de Salvador, comandada pelo prefeito João Henrique Carneiro (PMDB). O ministro da Integração Nacional, deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), tem sugerido ao governador e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o PT não deve lançar candidato próprio na capital, já que João Henrique concorre à reeleição. Mas até agora os apelos de Wagner e Lula em favor do entendimento não surtiram efeito.

Temer adverte que em muitos casos a aliança é improvável. ¿Haverá disputa entre os partidos da base e vários desses partidos vão se alinhar com a oposição em várias capitais e cidades estratégicas¿, prevê.

Dirigentes das duas legendas já não têm dúvidas de que PT e PMDB vão duelar em Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), São Luís (MA), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT) e Rio Branco (AC).

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) acha que o PT mineiro está fazendo um acordo com o PSDB para isolar o ministro Hélio Costa, das Comunicações, e lembra que, no momento, Costa é o líder nas pesquisas eleitorais para a prefeitura da capital. O PMDB mineiro reage porque o PT dispensou um aliado de primeira hora para se unir ao PSDB do governador Aécio Neves no apoio a um candidato do PSB.

Temer avalia que ¿o grande desafio é não contaminar a aliança nacional com as brigas locais¿. Afinal, nem em São Paulo, onde o PT chamou o PMDB de Orestes Quércia para conversar e lhe ofereceu o cargo de vice ou composição para uma das vagas ao Senado em 2010, a aliança é tida como certa.

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