Título: França pede ajuda a Chávez para obter libertação de Ingrid
Autor: Lameirinhas, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2008, Internacional, p. A25

Chanceler francês endossa idéia de que presidente venezuelano vá com Sarkozy à fronteira entre Venezuela e Colômbia

Roberto Lameirinhas

Com o iminente fracasso de sua iniciativa para resgatar a franco-colombiana Ingrid Betancourt, em poder do grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) há seis anos, o governo francês anunciou ontem que o presidente Nicolas Sarkozy está disposto a ir até a selva para resgatar a refém. No mesmo anúncio, feito pelo chanceler francês, Bernard Kouchner, numa entrevista à Associated Press, Paris conclamou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a retomar a mediação por um acordo humanitário, convidando-o para acompanhar Sarkozy à fronteira entre Venezuela e Colômbia.

Na noite de quinta-feira, Chávez se dispôs justamente a ir com Sarkozy à fronteira, mas afirmou que já não tem os contatos com as Farc e, embora siga trabalhando pela obtenção de um acordo, deixará de falar sobre o tema. ¿Deixaremos de falar e vamos agir mais¿, afirmou o presidente venezuelano. Ele também acusou os EUA e a Colômbia de estarem perseguindo o dirigente das Farc Ivan Márquez (que substituiu o ¿número 2¿ da guerrilha Raúl Reyes, morto em 1º de março numa ação do Exército colombiano em território equatoriano) e dificultando a abertura de um diálogo.

Astrid Betancourt, irmã de Ingrid, também atribuiu ontem o resultado até agora negativo da iniciativa francesa à ausência de Chávez no processo: ¿O esforço francês tem chances ínfimas de conseguir a libertação de algum refém porque ele não passou pelo presidente Chávez, que é quem tem as chaves e os canais de comunicação para abrir as portas do diálogo.¿

A irmã de Ingrid também acusou o governo colombiano de estar manipulando as informações sobre o estado de saúde da ex-candidata presidencial. Segundo Astrid, o objetivo de Bogotá seria justificar o aumento da presença militar no Departamento (Estado) de Guaviare, no centro-sul da Colômbia, onde provavelmente está o cativeiro de Ingrid.

Desde a semana passada, ampliaram-se os rumores de que a saúde de Ingrid, de 46 anos, se deteriorou gravemente, o que teria levado os guerrilheiros a procurar ajuda médica para ela num povoado de Guaviare. A refém contraiu leishmaniose e hepatite B no cativeiro e estaria precisando com urgência de transfusão de sangue e outros cuidados médicos.

Um avião francês com equipamento médico está parado na Base Aérea de Catam, em Bogotá, à espera de autorização para viajar até Guaviare e retirar Ingrid do local onde as Farc se disponham a libertá-la. Mas, até agora, a iniciativa só recebeu respostas negativas da guerrilha. Segundo as Farc, não há condições de segurança para que a refém seja entregue a representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na selva. A guerrilha também diz que não libertará mais reféns enquanto não houver acordo para que o governo solte, em contrapartida, cerca de 500 guerrilheiros presos. COM AP

Links Patrocinados