Título: Lula nega ter dado apoio a aumento de juros
Autor: Monteiro, Tânia; Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2008, Economia, p. B10

Informado sobre repercussões no País, o presidente reagiu: `Quem estiver achando isso está louco¿

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou-se ontem surpreso com algumas interpretações de que teria admitido no dia anterior, em Haia, na Holanda, a possibilidade de elevação dos juros esta semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. ¿Quem estiver achando isso está louco¿, reagiu Lula durante passeio em Praga, na República Checa, ao ser informado de que sua declaração confirmaria as previsões de alta dos juros.

¿Não acredito, não foi isso que eu disse¿, afirmou Lula, referindo-se às afirmações feitas em entrevista coletiva em Haia. Um dia antes, Lula tentou passar a mensagem de que não estava preocupado com a decisão que será anunciada pelo BC.

¿Não será a redução de 0,25, nem a manutenção de 11,25%, nem o aumento de 0,25 que trará qualquer transtorno¿, declarou Lula na ocasião, reiterando a independência do Banco Central para decidir sobre a política monetária do País. ¿Não dou palpite nem em aumento de juros e nem em redução de juros.¿

Lula ressaltou que, embora seja o presidente da República quem indique o presidente do Banco Central, é importante garantir que ¿o que deu certo até agora continue dando certo¿.

O presidente mencionou ainda que era preciso evitar a volta do aumento da tensão nos mercados financeiros e entre investidores cada vez que o Copom se reúne para definir a trajetória dos juros. ¿Essa fase já passou¿, disse. No fim da tarde, ao se despedir dos jornalistas, Lula voltou a se referir aos juros: ¿Os que têm de esclarecer são os que pensam diferente do que eu falei.¿

A contextualização das palavras do presidente ocorre no início da semana em que o Copom anunciará sua decisão e que começa estimulada por expectativas do mercado de que haverá uma elevação de, pelo menos, 0,25 ponto porcentual na taxa de juros para conter as expectativas de alta da inflação.

A maior preocupação já demonstrada pelos diretores do BC é com sinais de que a inflação pode fechar o ano acima da meta de 4,5%. A taxa básica de juros está sendo mantida pelo BC em 11,25% ao ano desde setembro de 2007, quando o Copom interrompeu um ciclo de redução na taxa de dois anos.

Durante as conversas com empresários nesta viagem, o presidente tem reforçado que a economia do Brasil está apresentando bons indicadores e está pronta para receber investimentos.

Ele afirmou que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) vão garantir a oferta de infra-estrutura necessária para investimentos dos empresários, especialmente em oferta de energia elétrica.

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