Título: Planalto monta tropa de choque para blindar nova comissão
Autor: Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2008, Nacional, p. A6
Agripino diz que prioridade é investigação no Senado; Péres já teme que governo atropele de novo a oposição
Depois de esvaziarem a CPI dos Cartões mista, os oposicionistas pretendem investir suas forças na comissão de inquérito exclusiva de senadores, que deverá ser instalada na semana que vem. Mas, para evitar surpresas, o governo decidiu ¿blindar¿ a nova CPI e a ordem aos aliados é indicar apenas senadores fiéis ao Palácio do Planalto.
¿A CPI mista está acabando mesmo. Então vou para essa nova¿, disse ontem o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO). Além de si próprio, ele indicou os senadores Gilvam Borges (RR) e o líder Romero Jucá (RR) para a CPI. Raupp já havia apresentado um requerimento à Mesa com as indicações, mas retirou a pedido da líder do PT, Ideli Salvatti (SC), que propôs fazer em bloco as indicações envolvendo todos os partidos aliados.
Mesmo cientes de que serão minoria na nova CPI, o DEM e o PSDB decidiram indicar os seus representantes para a comissão. ¿Nossa prioridade é a CPI do Senado¿, disse o líder do DEM, José Agripino Maia. ¿Eu não acredito nessa CPI só do Senado. Vai ser a mesma coisa da outra CPI: o governo vai continuar tratorando a oposição¿, observou o senador Jefferson Péres (PDT-AM).
Integrada por 11 senadores, a nova CPI terá a participação majoritária da base aliada. O DEM e o PSDB juntos terão apenas três vagas. ¿Não vejo muita diferença se eu entrar na CPI. Tanto faz perder de oito a três ou sete a quatro¿, constatou Péres.
O DEM já indicou dois representantes para a CPI exclusiva: Efraim Morais (PB) e Demóstenes Torres (GO). O PSDB não escolheu seu representante, que poderá ser Marconi Perillo (GO) ou Álvaro Dias (PR). Para acomodar esses senadores, PSDB e DEM terão de fazer um remanejamento nas quatro CPIs do Senado, uma vez que o regimento não permite que um mesmo senador integre duas comissões de inquérito como titular.
JUNGMANN
Esvaziada pela oposição, a CPI mista vai centrar seus esforços em investigar integrantes do governo de Fernando Henrique Cardoso. Na semana que vem, pretendem votar requerimento solicitando a convocação do deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
Na tentativa de acuar a oposição, a base vai passar um pente fino, por ordem cronológica, nos documentos que estão chegando à comissão com os gastos com cartões corporativos e contas tipo B (a despesa é justificada por nota fiscal depois de o servidor receber uma verba). ¿Não vamos sair desta CPI. A orientação é continuar aqui de pé¿, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). ¿A CPI só do Senado é desnecessária porque tem o mesmo objeto de investigação da mista.¿
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