Título: Volume de saques em dinheiro com cartões cai 64%
Autor: Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2008, Nacional, p. A6

Este tipo de operação somou R$ 786 mil em março; no mesmo mês, em 2007, valor foi de R$ 2 milhões

Caiu o volume de saques em dinheiro vivo com o cartão corporativo do governo federal. Segundo levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU), com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), os saques em dinheiro foram de R$ 786.676,46 durante o mês de março. Entre 1º e 31 de março de 2007, os saques somaram R$ 2.163.083. Ou seja, houve uma redução de aproximadamente 64% nessa modalidade de despesa em relação ao mesmo período no ano passado.

A queda já é efeito das medidas restritivas impostas pelo governo, depois da revelação pelo Estado de que os gastos com os cartões corporativos haviam explodido em 2007. A descoberta acabou provocando a demissão de Matilde Ribeiro da Secretaria Nacional de Políticas de Igualdade Racial, campeã de gastos com os cartões entre os ministros, além da abertura de duas CPIs no Congresso.

Além do uso exagerado dos cartões, o próprio governo reconheceu que os saques em dinheiro tinham virado rotina, quando deveriam ser menos freqüentes.

¿Havia, realmente, a facilidade do saque¿, admitiu ontem o ministro da CGU, Jorge Hage. ¿Embora o decreto anterior já dissesse que era exceção, nós sempre entendemos que a simples referência ao caráter excepcional, sem que fosse estabelecido um limite, não funcionaria. Sempre insistimos pelo estabelecimento de um limite. O que funcionou agora. E, com certeza, a tendência é reduzir ainda mais volume dos saques.¿

Na avaliação do ministro, os ajustes feitos permitem o aprimoramento dos mecanismos de transparência nesse tipo de gasto do governo. ¿Para quem saiu do nível de transparência zero, como saímos, a coisa vem crescendo. Em 2002 já começou um pouquinho do uso do cartão, ainda no governo passado, mas sem o Portal da Transparência, ainda. Mas o cartão era um avanço porque permitia o rastreamento¿, argumentou.

¿O ideal é que consigamos atingir um nível de 80% de transparência em nível de suprimentos de fundos, já que sempre vão restar algumas exceções nos saques em dinheiro, previstas pelo governo para situações excepcionais. Mas, para quem não tinha nada, é uma grande coisa e em pouco tempo.¿

DINHEIRO VIVO

O Estado revelou que em 2007 os gastos com o cartão tinham mais que dobrado em relação a 2006, pulando de cerca de R$ 33 milhões para R$ 75,6 milhões. Dessas contas, mais de R$ 45 milhões foram representados justamente pelos saques em dinheiro vivo.

Pressionado pela revelação da farra dos gastos com os cartões corporativos, o governo determinou modificações, especialmente nos saques. Antes liberada, a retirada de dinheiro passou a ter o limite de 30% do total de gastos com cartões. Também foi vetado o uso do cartão corporativo para o pagamento de passagens aéreas e diárias. Esse tipo de conta agora terá de ser prevista dentro do orçamento do ministério.

Mesmo com a redução do volume de saques em dinheiro, o governo admite que haverá um crescimento das despesas totais com os cartões corporativos nos próximos meses. O motivo é que ainda está havendo a substituição gradativa dos antigos fundos de suprimentos pelos cartões.

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