Título: Tarso agora afirma que PF pode investigar o que quiser
Autor: Recondo, Felipe; Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2008, Nacional, p. A8

Ministro, que defendia só a apuração do vazamento, diz que ministério `não terá o controle¿ da investigação

O ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu ontem que o governo não terá controle da investigação da Polícia Federal sobre o vazamento de dados do dossiê com os gastos do cartão corporativo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. O delegado Sérgio Menezes, responsável pelo caso, terá liberdade para investigar o que quiser, de acordo com Tarso.

Anteontem à tarde, o ministro havia dito que a PF apuraria somente o vazamento das informações dos documentos. Saber quem organizou o dossiê, afirmara Tarso, deveria ser apenas alvo de disputa política entre governo e oposição.

¿O Ministério da Justiça não pode e não terá o controle dessa investigação. O presidente do inquérito tem autonomia em relação ao próprio superintendente para trabalhar¿, disse o ministro já na noite de terça-feira. ¿O ministro da Justiça não tem intervenção, e sequer o delegado presta contas ao seu superior¿, acrescentou.

Ontem, após cerimônia no Palácio do Planalto, ele tentou esquivar-se do assunto e reafirmou que o Ministério da Justiça não tem mais nada a ver com o caso. ¿Deixa o homem trabalhar, deixa o delegado trabalhar¿, brincou, lembrando a frase utilizada durante a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar de dizer que a PF investigará o que quiser, Tarso reafirma que o único delito nesse caso é o vazamento de informações sigilosas e não a formatação do dossiê. Ele negou que a PF já tenha definido que a apuração chegará aos responsáveis pelo dossiê. ¿Isso quem diz é a imprensa¿, afirmou.

Logo que o inquérito foi aberto, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, também enfatizou que a investigação estaria restrita ao vazamento. Porém, investigadores próximos a Menezes disseram que ele deve ir além da mera identificação do vazador. O delegado pretende, segundo esses investigadores, perguntar aos servidores da Casa Civil durante os interrogatórios quem é o responsável pela confecção do dossiê, além de questionar o porquê do vazamento, a finalidade da divulgação dos dados e para quem foram repassados.

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