Título: IPCA de 0,48% reforça tese de alta do juro
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2008, Economia, p. B1

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu acima das expectativas em março e tornou unânimes as apostas do mercado financeiro em uma alta na taxa básica de juros (Selic) na próxima semana. A taxa apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 0,48%, a maior para um mês de março desde 2005. Em 12 meses, o índice já chegou a 4,73%, ultrapassando a meta de 4,5% fixada pelo governo para este ano.

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, disse que as pressões de preços estão ¿mais espalhadas¿ no índice de março, com impactos mais fortes do aumento da demanda. Os analistas de mercado previam uma variação máxima de 0,40% para o IPCA do mês passado.

Segundo Eulina, a taxa subiu acima do esperado porque o reajuste no preço dos alimentos, que deu sinais de arrefecimento em fevereiro, voltou a subir com força. Para a coordenadora, ¿em fevereiro a pressão da demanda estava mais camuflada¿ e agora está ¿mais clara¿.

Eulina disse que não é possível distinguir detalhadamente no IPCA quais produtos estão sendo pressionados pela demanda doméstica, ainda que reajustes em produtos como óleo de soja (9,81%) e pão francês (4,24%) respondam a aumentos na demanda interna e externa.

De acordo com ela, a safra recorde do País, estimada em 140 milhões de toneladas em 2008, está muito concentrada em soja e milho, commodities em alta no mercado internacional. ¿Dada a insistência (nos reajustes), há indicações de que estamos vivendo um novo patamar nos preços dos alimentos.¿

Os produtos alimentícios subiram 0,89% em março, acima de fevereiro (0,60%) e contribuíram, sozinhos, com 40% da inflação. Eulina sublinhou a importância do comportamento dos preços dos alimentos. Além do peso de 20% no IPCA, esses produtos têm impacto indireto nos preços administrados.

Houve também vários itens importantes em alta, em março, como água e esgoto, vestuário, combustíveis e energia elétrica. No primeiro bimestre, segundo Eulina, a inflação estava bem concentrada em alimentos e educação.

No primeiro trimestre, o IPCA acumulou 1,52%, bem superior ao 1,26% do mesmo período do ano passado. Os grupos de alimentos e bebidas e de educação contribuíram, juntos, com 62%, ou 0,94 ponto porcentual, do IPCA acumulado nos três primeiros meses de 2008.

O grupo de alimentos subiu 3,04% no primeiro trimestre, com impacto de 0,66 ponto porcentual sobre a taxa. ¿É como se fosse uma continuidade de 2007¿, comparou Eulina. O grupo educação, cuja pressão já arrefeceu em março, teve alta de 3,92% no primeiro trimestre, contribuindo com 0,28 ponto para o IPCA do período.

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