Título: Economistas discutem de quanto e por quanto tempo será a alta da Selic
Autor: Farid, Jacqueline; Leonel, Flávio
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2008, Economia, p. B3

Aumento dos juros na próxima reunião do Copom já é considerado inevitável e maioria aposta em 0,25 ponto

Debruçados sobre as más notícias trazidas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), economistas se perguntavam ontem de quanto e por quanto tempo será a elevação da taxa Selic. O aumento dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana já é considerado inevitável, e as expectativas apontam para uma alta entre 0,25 e 0,50 ponto porcentual, com a maioria dos analistas adotando a primeira hipótese.

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A taxa Selic está inalterada em 11,25% desde setembro do ano passado. Para Nathan Blanche, da Tendências Consultoria, ¿ficou evidente que o Banco Central vai aumentar os juros¿, após a divulgação do IPCA de ontem. ¿Resta a dúvida se o aumento será de 0,25 ponto porcentual ou 0,50 ponto porcentual. Apostamos em uma elevação gradual, ou seja, de 0,25 ponto porcentual¿, afirmou.

O economista-chefe da corretora López León, Flávio Serrano, é mais um dos especialistas do mercado financeiro que passou a trabalhar com a expectativa de aumento, de 0,25 ponto porcentual. ¿Este resultado do IPCA veio completamente fora do previsto. É a última justificativa que o Banco Central precisava para subir a taxa de juros¿, comentou.

¿Sempre digo que não é apenas por causa de um número mensal que a expectativa para uma decisão de política monetária pode ser mudada. No caso do IPCA, não é o número em si que altera a estimativa, mas o efeito da surpresa negativa num ambiente no qual o BC já havia mencionado que poderia subir os juros¿, explicou Serrano.

ÁGUA NA FERVURA

O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, que previa estabilidade da taxa Selic na reunião do Copom de abril, agora, acredita numa alta. ¿Trabalho agora com um aumento de 0,25 ponto porcentual já em abril e até não descartaria uma alta de 0,50 ponto. Mas nossa previsão oficial é de 0,25 ponto porcentual mesmo¿, disse.

Campos Neto espera mais duas elevações de 0,50 ponto porcentual nas duas reuniões seguintes (junho e julho) do Copom e mais 0,25 ponto porcentual na seqüência, o que resultaria numa taxa de 12,75% no fim do ano. ¿É bom agora, como dizem, jogar água na fervura para acalmar os ânimos.¿

Outro economista a mudar a projeção de estabilidade para alta na Selic em abril, após a divulgação do IPCA, é Marcelo Salomon, do Unibanco. Ele acredita, entretanto, que o ciclo de alta será de ¿baixa magnitude e curta duração¿ e prevê uma alta de 0,25 ponto porcentual na reunião da próxima semana.

META

O IPCA em 12 meses continua em disparada para um nível acima do centro meta de inflação (4,5%) definida pelo Banco Central para 2008. A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, lembrou que a taxa em 12 meses iniciou 2007 em torno de 3%, passou para a casa dos 4% em agosto do ano passado, subiu para 4,46% em dezembro (arranhando a meta de 4,5% de 2007), chegou a 4,56% em janeiro; 4,61% em fevereiro e 4,73% em março.

Para que ocorra um recuo da taxa dos últimos 12 meses em abril, o IPCA terá de ser inferior à taxa de 0,25% apurada em abril do ano passado. Algumas consultorias já prevêem alta superior para a taxa. Na LCA Consultores, a projeção é de 0,38%, exatamente a mesma variação estimada pela Tendências.

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