Título: Anfavea nega bolha em venda recorde de carros
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2008, Economia, p. B8

Presidente da entidade garante que expansão é sustentável e diz que inadimplência está sob controle

Cleide Silva

O mercado de carros novos não vive uma bolha, pois cresce de forma consistente há 18 trimestres e não há riscos, no momento, de um estouro na inadimplência que justifique alterações nos prazos dos financiamentos, disse ontem o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. O executivo também não vê necessidade de ajuste de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

A indústria automobilística registrou recordes de produção, vendas e exportações (em valores) no primeiro trimestre. Foram produzidos 783 mil veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, um aumento de 19,3% ante os primeiros três meses de 2007.

As vendas somaram 647,9 mil unidades, 31,4% a mais que no ano passado. Em valores, as exportações aumentaram 13,1%, para US$ 3,2 bilhões. Além disso, o mês passado foi o melhor março da história do setor.

Em unidades, as exportações acumuladas apresentam queda de 2,1% no trimestre, com 178,2 mil veículos, reflexo da perda de competitividade do produto nacional por causa do câmbio valorizado. ¿Em valores, os resultados estão melhores porque exportamos veículos de maior valor agregado, como máquinas agrícolas, mas são vendas sazonais¿, afirmou Schneider.

CRÉDITO

Segundo o presidente da Anfavea, os preços do automóveis subiram 1,82% nos 12 meses completados em fevereiro, ante uma inflação de 4,61% apurada pelo IPCA. ¿Não vejo nenhuma pressão inflacionária e nenhum risco de desabastecimento.¿ Schneider insistiu em que ¿foram um mal-entendido¿ as recentes declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre restringir os prazos de financiamento em até 36 meses.

¿O tema não nos preocupa, pois o próprio ministro desmentiu¿, disse Schneider. Cerca de 70% das vendas de carros são feitas por meio de financiamento. Segundo o executivo, os prazos médios no setor são de 42 meses. ¿Períodos mais longos são residuais¿, afirmou. A inadimplência no segmento também está estável, na casa dos 3,2% há pelo menos um ano.

Aumentos de preços, porém, podem ocorrer nos próximos meses para repasse de custos de insumos. Só o aço, informou Schneider, subiu entre 8% e 12% no mês passado. ¿Como a competitividade no mercado é muito forte, vai depender da estratégia de cada empresa em repassar ou não esses custos.¿

Schneider disse também que as montadoras estão investindo quase US$ 5 bilhões este ano e vão ampliar a capacidade produtiva de 3,5 milhões para 3,85 milhões de veículos por ano a partir do segundo semestre. Em 2009, essa capacidade chegará a 4 milhões de veículos. Em sua visão, isso afasta possibilidades de desabastecimento. Para ele, filas de espera são pontuais, apenas para alguns modelos específicos.

De janeiro a março, as montadoras contrataram 3,9 mil trabalhadores e atualmente empregam 124,2 mil pessoas, 14,8% a mais do que em março de 2007

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