Título: UE prevê mercado em expansão para a carne brasileira
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2008, Negócios, p. B4

Documento interno avalia que, nos próximos dez anos, ficará cada vez mais difícil competir com o País

Jamil Chade

O Brasil será o País que mais ganhará com as exportações de carne nos próximos dez anos e deslocará a produção e exportação européia em vários setores. A avaliação é da própria União Européia, que, apesar de impor sanções aos produtos brasileiros por questões sanitárias, admite em um documento interno sobre a situação da agricultura até 2014 que o Brasil ¿continuará a ganhar mercados¿ nos próximos anos. Segundo o documento, o País representa de fato uma ameaça aos interesses comerciais dos exportadores europeus e o mundo ficará cada vez mais dependente das carnes brasileiras, argentinas e uruguaias.

No curto prazo, porém, os europeus alertam que a decisão de suspender parte das importações de carne do Brasil por questões sanitárias poderá ter impacto nos mercados. Isso se o embargo parcial continuar e se o os problemas de controle da produção não forem resolvidos pelo País.

Resolvida a questão sanitária, a UE reconhece que será difícil competir com o Brasil. ¿As exportações européias não devem conseguir manter o mesmo ritmo de crescimento¿, afirma o documento. O fortalecimento do euro também seria um fator que prejudicaria o produto europeu na competição com os demais. Se os obstáculos sanitários forem solucionados, a UE traça um panorama positivo para o País. ¿Entre os exportadores, o Brasil levaria a maioria dos ganhos, capturando uma parcela cada vez maior das exportações de carne.¿

O cenário do mercado de carnes nos próximos anos indica aumento mundial do consumo e do comércio. Oitenta por cento do crescimento, porém, viria dos mercados emergentes, e não dos países ricos. A UE estima que o consumo médio de carne por habitante da Europa passe de 84,5 quilos por ano para apenas 87,2 quilos até 2014.

Entre os importadores, a UE destaca que a dependência em relação à carne sul-americana aumentará. Entre os países que mais demandarão carne bovina estão o Egito, México, Filipinas, China, Japão e Coréia do Sul, além dos próprios europeus, que sofrerão uma queda na produção e vendas.

No setor da carne bovina, os europeus já apresentaram queda de 0,3% na produção em 2007. Já as exportações tendem a cair 38% diante da concorrência. No total, a produção européia deverá cair para 7,6 milhões de toneladas até 2014, 438 mil toneladas a menos que hoje.

No que se refere à carne suína, a preferida entre os europeus, a previsão é de alta na produção e consumo. Mas o levantamento alerta que vai sofrer cada vez mais a concorrência do Brasil. Os principais consumidores serão os coreanos, taiwaneses, chineses e mexicanos. Mais uma vez, porém, o Brasil aparece como principal ameaça.

Já o comércio de frango brasileiro teria um ¿forte aumento¿ para o mercado europeu, como resultado de acordos comerciais. A médio prazo, essa alta seria apenas moderada. Mesmo assim, a UE passaria de exportador de frango para importador do produto a partir de 2008.

A relação entre o euro e o real também facilitaria as exportações brasileiras. Outros mercados consumidores com potencial de crescimento das importações são Arábia Saudita, Rússia e Ásia.

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