Título: Lula diz a empresários da Holanda que não faltará energia no Brasil
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2008, Economia, p. B1

Presidente pede investimentos no País e afirma que economia crescerá mais neste ano do que os 5,4% de 2007

No último dia da visita oficial à Holanda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou os empresários dos Países Baixos a investir no Brasil, assegurando que ¿não faltará infra-estrutura ou energia¿ para eles trabalharem. Em discurso no seminário sobre oportunidades no País, Lula assegurou aos cerca de 200 empresários presentes que o Brasil vai crescer em 2008 ¿mais que¿ os 5,4% de 2007.

¿Investir no Brasil é um bom negócio. Os números da nossa economia são eloqüentes¿, afirmou, lembrando que as reservas estão perto de US$ 200 bilhões, valor superior à divida externa pública e privada.

O presidente destacou que os números atuais da economia e a baixa vulnerabilidade em relação à crise dos Estados Unidos são resultado do ajuste feito no Brasil a partir de 2003. ¿O aumento do superávit primário de 3,75% para 4,25% do PIB deixou a economia mais forte para enfrentar novas turbulências¿, disse Lula. Ele fez também uma exposição sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os investimentos do governo em infra-estrutura.

Durante almoço com o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, Lula defendeu ainda o aumento da transparência e da estabilidade no sistema financeiro internacional, assim como uma conclusão justa e equilibrada para Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC).

¿Esse passo histórico é ainda mais importante no momento em que a economia internacional passa por uma turbulência sem precedentes nas últimas décadas. É imperativo aumentar a transparência e a estabilidade do sistema financeiro internacional, sobretudo para proteger os países mais vulneráveis. Para isso, tenho defendido a democratização da tomada de decisões no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial.¿

Ainda na fala aos empresários, Lula voltou a defender os biocombustíveis e atacou os que dizem que a produção de cana, no caso brasileiro, provoca escassez de alimentos. O presidente mostrou irritação ao citar jornais holandeses que ontem publicaram charges dizendo que os biocombustíveis causam inflação aos substituir áreas de plantação de alimentos.

¿Isso é uma falácia, uma mentira deslavada de quem não entende ou não quer entender¿, desabafou. Segundo ele, há mais de 1 bilhão de seres humanos vivendo abaixo da linha da pobreza, sem ingerir as calorias e proteínas necessárias. ¿É amplamente possível compatibilizar produção de etanol e biodiesel com a produção de alimentos.¿

O presidente lembrou que, em novembro, vai ocorrer no Brasil um seminário internacional para discutir o assunto e convidou os empresários a participar do encontro, onde serão divulgadas informações técnicas e científicas. ¿De forma a não permitir que a gente fique fazendo debate apenas com viés ideológicos, se a cana vai substituir o feijão o arroz.¿

No almoço, o presidente disse também que uma das grandes ameaças à paz e à segurança internacional é a mudança climática. Ele advertiu que ¿a preservação de um meio ambiente saudável para esta e para futuras gerações é uma responsabilidade coletiva¿. Para isso, afirmou, o Brasil está fazendo sua parte, por meio dos biocombustíveis, que permitem a redução da emissão de gases de efeito estufa, de forma compatível com a segurança alimentar e com os direitos dos trabalhadores (numa referência às denúncias de trabalho escravo na produção da cana-de-açúcar).

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