Título: Mantega elogia proposta de reforma do FMI
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2008, Economia, p. B7

Nova distribuição amplia o papel de países emergentes

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem estar muito satisfeito com a nova distribuição de cotas e de votos no Fundo Monetário Internacional (FMI) proposta pela diretoria executiva da instituição. ¿Finalmente conseguimos dar o primeiro passo no sentido de um papel maior para os países emergentes e em desenvolvimento.¿ A adoção da nova fórmula depende ainda, no entanto, da aprovação dos 185 países-membros. Cada governo deverá enviar seu voto até dia 28.

Com a nova distribuição, o Brasil terá seu poder elevado de 1,4% para 1,8% do total e passará da 18ª para a 15ª posição. Os emergentes e em desenvolvimento passarão a deter 42,7% dos votos ponderados, 2,7% a mais do que hoje. A nova divisão do poder, segundo Mantega, será mais compatível com o peso efetivo desses países na economia mundial. A importância dos emergentes, disse o ministro, é evidenciada pela crise mundial, pois deles dependerá a sustentação do crescimento econômico.

¿Claro que gostaríamos de uma participação maior¿, ressalvou o ministro, referindo-se à nova divisão de cotas de votos. O Brasil é reconhecido como uma das dez maiores economias, com base na mensuração do Produto Interno Bruto (PIB) pela paridade do poder de compra. Por esse critério, o País contribui com 2,9% do produto mundial, argumentou Mantega. ¿Mas já houve um avanço considerável.¿

Na mudança inicialmente proposta, no ano passado, o peso do Brasil passaria de 1,4% para apenas 1,45%, disse Mantega, explicando por que mudou de posição sobre a reforma nos últimos seis meses. Aproveitou para elogiar o novo diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, e para reafirmar sua oposição ao antecessor, Rodrigo de Rato.

Sob a direção de Rato, segundo o ministro, o FMI se atrasou em relação à crise financeira. ¿Sabemos que o Fundo é mais rápido para fazer propostas aos países em desenvolvimento do que aos mais avançados¿, disse Mantega . ¿O Fundo tem de passar por uma reciclagem e acho que Strauss-Kahn tem as qualidades para isso.¿

Segundo ele, o novo diretor-gerente já começou as mudanças, ao recomendar o uso de políticas anticíclicas para o combate à recessão, em vez de políticas ortodoxas. De fato, e o ministro não mencionou esse dado, os economistas do FMI têm recomendado o uso da política monetária como ¿primeira linha de defesa¿, para evitar o comprometimento da estabilidade fiscal. Mesmo o afrouxamento da política monetária só tem sido recomendado aos países ainda livres de pressões inflacionárias importantes. Cada país, disse o próprio Strauss-Kahn, terá de encontrar o equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico.

Mantega defendeu um papel mais importante para o FMI na definição de novos esquemas de supervisão e de regulação dos mercados. Esse novo esquema, segundo ele, deveria envolver não só os bancos, mas também as instituições não bancárias, como na proposta recentemente apresentada pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson. Por essa proposta, o BC americano (Fed) terá poderes de regulação e fiscalização bem mais amplos. O BC brasileiro, lembrou o ministro, já exerce amplo controle sobre o mercado.

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