Título: Bird ataca subsídio a etanol dos EUA
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2008, Economia, p. B1

Uma séria advertência contra a produção de biocombustíveis nos Estados Unidos e na Europa e seus efeitos sobre os preços dos alimentos no mundo marcou o encerramento da reunião de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), ontem. ¿Nossos estudos mostram que, claramente, alguns dos biocombustíveis são parte do quebra-cabeça (da alta dos preços de alimentos)¿, disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick. ¿Alguns países querem ter programas de subsídios para biocombustíveis, porque decidem que são importantes para sua segurança energética - eu espero que esses países prestem muita atenção quando nós tivermos situações de emergência no Banco Mundial de alimentos, como está ocorrendo agora.¿

Zoellick fez questão de ressaltar as diferenças entre o etanol brasileiro e os biocombustíveis de milho e canola, por exemplo. ¿A maioria dos estudos mostra que o biocombustível de cana do Brasil tem eficiências adicionais em termos de emissões de gases poluentes¿, disse ele. E o etanol celulósico pode ser uma maneira de reduzir custos energéticos sem diminuir a oferta de alimentos, acrescentou. Ele centrou as críticas nos programas de subsídios a biocombustíveis nos EUA e Europa. ¿Há uma certa incongruência em manter programas de subsídio ao mesmo tempo em que se tem tarifas, como é o caso americano¿, disse Zoellick, referindo-se aos subsídios ao etanol de milho nos EUA, ao mesmo tempo em que o país mantém tarifas para o etanol de cana importado.

Para o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, o maior problema hoje ¿é o déficit na produção de alimentos¿. Ele admitiu que a preocupação do FMI com a inflação dos alimentos pode causar surpresa. ¿Algumas pessoas podem achar que o FMI não tem nada a ver com a alta de preços dos alimentos¿, disse. ¿Mas estamos trabalhando há anos com países de baixa renda para melhorar o ambiente e a inflação de alimentos pode destruir tudo o que construímos.¿ Strauss-Kahn afirmou que o Fundo está modificando seus instrumentos financeiros, como a linha de crédito para choques exógenos, para que possa ser eficiente na ajuda a países afetados pela crise dos alimentos.

Zoellick estimou que a alta de 100% nos preços dos alimentos nos últimos três anos pode empurrar para a pobreza 100 milhões de pessoas em países emergentes.

Ontem de manhã, o Banco Mundial promoveu uma discussão sobre como incentivar países emergentes a reduzir a emissão de gases poluentes. Mantega reagiu às sugestões de Zoellick sobre uma maior participação dos países emergentes nesses esforços. ¿Não se deve esperar que países em desenvolvimento contribuam com o combate ao aquecimento global às custas de seu desenvolvimento¿, disse Mantega em seu discurso.

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