Título: Anúncio de megacampo cria especulação
Autor: Lima, Kelly; Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2008, Economia, p. B1

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, surpreendeu ontem o mercado ao afirmar, em seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas, que a área de exploração de petróleo conhecida como¿Pão de Açúcar¿,na Bacia de Santos, pode ter até cinco vezes o volume de petróleo do megacampo de Tupi.¿Se isso for confirmado,será a maior descoberta já feita,que poderá se transformar no terceiro maior campo de produção de petróleo no mundo¿, disse Lima, que estimou as novas reservas em 33 bilhões de barris.

Diante da insistência dos jornalistas, o executivo disse em entrevista que os dados eram ainda oficiosos: ¿São dados preliminares que nos foram fornecidos pelas empresas¿. A inconfidência de Lima - confirmando especulações que circulavam no mercado desde o fim do ano passado - provocou reação imediata no mercado financeiro.

As ações da Petrobrás dispararam. Houve um momento em que a empresa, sozinha, respondia por metade do giro de recursos na Bovespa. Os papéis ordinários (ON) chegaram a valorizar-se 10,8% e fecharam o pregão com alta de 7,68%. A direção da estatal, que de início não quis comentar as declarações do diretor da ANP, teve de emitir nota, explicando que ¿a abrangência das descobertas em Santos ainda depende de estudos¿.A empresa comunicou ainda que¿um plano de avaliação das áreas deverá ser entregue à ANP dentro de poucos dias¿.

À noite, diante da repercussão das declarações de Lima, alvo de críticas até da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais, a ANP emitiu uma nota de esclarecimento na qual classificou como¿ conhecidos¿ os dados expostos pelo diretor. A ANP remeteu as informações a notas veiculadas pela Agência Estado, em novembro do ano passado, e a uma coluna da revista World Oil.

Na exposição, o diretor da ANP identificou como ¿Pão de Açúcar¿ apenas o bloco BM-S-9 (Bacia Marítima de Santos, nº 9), operado por um consórcio formado pela Petrobrás (45%), a britânica BG(30%) e a hispano-argentina Repsol (25%). Segundo ele, o volume de óleo que é possível extrair da jazida poderia chegar a até 33 bilhões de barris. A megajazida de Tupi tem reservas estimadas de 5 bilhões a 8 bilhões de barri

As reservas de bilhões de barris de óleo, de qualidade superior à produzida atualmente no País, estão numa profundidade definida como ¿pré-sal¿, ou abaixo da camada de sal que forma blocos no subsolo marítimo. As descobertas estão em áreas próximas, na Bacia de Santos, mas a Petrobrás estima que o mesmo tipo de ambiente pode se repetir por cerca de 800 quilômetros, do Espírito Santo a Santa Catarina, como foi informado na época da descoberta de Tupi. Os primeiros indícios de petróleo e gás na área foram informados à ANP em agosto de 2007, mas sem o volume identificado no local.

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