Título: Cúpula do PT desautoriza manobra para 3º mandato
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2008, Nacional, p. A8

Em nota, Executiva Nacional lembra emenda `antidemocrática¿ da reeleição

Um dia depois de os prefeitos do PT reforçarem o coro dos que propõem um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Executiva Nacional petista desautorizou manifestações desse tipo por parte de seus filiados. Em nota de 13 linhas aprovada ontem, a cúpula do PT afirma que sempre foi contra mudanças nas regras do jogo em benefício dos atuais governantes e dá uma estocada na oposição ao chamar de ¿manobra antidemocrática¿ a emenda que deu um segundo mandato ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

¿A aprovação popular ao nosso governo e a extraordinária popularidade do presidente Lula não incentivam a repetir a manobra antidemocrática de FHC, PSDB e PFL (atual DEM) na década passada¿, diz o texto. ¿O PT sempre foi contra o casuísmo da emenda da reeleição proposta e aprovada pelo PSDB e pelo então PFL, em 1997.¿

A censura do comando petista ocorreu 24 horas depois de o prefeito do Recife, João Paulo Lima e Silva, ter proposto o lançamento de um movimento em defesa do terceiro mandato para Lula, sob o argumento de que o presidente é ¿o único¿ em condições de continuar a distribuir renda à população carente.

¿Queremos deixar claro que o nosso posicionamento não mudou. Nunca apoiamos que eventuais mudanças na duração de mandatos ou alterações no instituto da reeleição sejam aplicadas aos atuais governantes¿, afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Questionado sobre a pregação de prefeitos do PT, do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) e de outros parlamentares em favor do terceiro mandato, Berzoini disse que o coro reflete o ¿desejo¿ de alguns petistas, e não a posição do partido. ¿Tentaram inflar esse debate, mas o PT desautoriza essas manifestações¿, reiterou.

Para Berzoini, nem mesmo o sinal verde dado pelo 3º Congresso do PT, no ano passado, à convocação de uma Assembléia Constituinte para tirar a reforma política do papel pode incentivar interpretações dessa natureza.

Na tarde de ontem, ao ser informado sobre a nota do partido - articulada por Marco Aurélio Garcia, assessor de Relações Internacionais do Planalto e vice-presidente do PT -, Lula disse que a iniciativa foi necessária para pôr um freio de arrumação no debate.

¿Eu não recebi nenhuma intimação nem a sentença transitou em julgado¿, devolveu Devanir Ribeiro, um dos mais entusiastas defensores da tese. Ele promete coletar nesta semana as 171 assinaturas necessárias para apresentar uma proposta de emenda constitucional que amplia para cinco anos o mandato do presidente, governadores, prefeitos, deputados federais, estaduais e vereadores. COLABOROU CHRISTIANE SAMARCO

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