Título: Paulo Renato divulga seus gastos
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/04/2008, Nacional, p. A10

Ex-ministro diz que compras em supermercados foram consumidas em almoços no Ministério da Educação

O deputado e ex-ministro Paulo Renato Souza (PSDB-SP) acusou ontem o governo de promover propositalmente o vazamento de informações sobre gastos que fez na época em que foi titular da pasta da Educação.

O tucano divulgou ontem toda a documentação, incluindo notas fiscais, enviadas pelo governo federal com suas despesas durante os oito anos em que comandou a Educação. Nos anos de 1997 e 1998 há diversas notas de compras feitas em supermercados de Brasília.

¿Estou convencido de que esses gastos vazaram do governo intencionalmente. É uma chantagem política covarde¿, afirmou Paulo Renato. Os boatos de que o ex-ministro havia usado as contas tipo B (nas quais o servidor presta conta dos recursos com a apresentação de notas fiscais) para fazer compras em supermercados começaram a circular antes mesmo da criação da CPI dos Cartões Corporativos. Segundo Paulo Renato, as compras eram para almoços com autoridades e jornalistas em seu gabinete.

Uma análise dos documentos apresentados pelo tucano mostra gastos mensais de cerca de R$ 1 mil em compras de supermercado, entre 1997 e 1998. As notas fiscais apresentadas pelo ministro especificam os produtos comprados. Os itens são bem diversos: há desde azeite, maionese, arroz, feijão, macarrão, fubá, margarina até latas de leite condensado, filé mignon, costela sem osso, bacalhau, bacon, palmito e azeitonas, além de frutas e verduras. As compras eram feitas normalmente em três grandes supermercados e as notas fiscais sempre saíam em nome do Ministério da Educação.

Paulo Renato explicou que, a partir de 1998, o ministério parou de fazer compras em supermercados porque foi avisado pela Secretaria de Controle Interno de que esses gastos não eram permitidos. O ex-ministro afirmou que, caso a Controladoria-Geral da União (CGU) resolva auditar suas contas, vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para exigir que todos os ministros do atual governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofram a mesma investigação. Há cerca de uma semana, a CGU resolveu auditar as contas do ex-ministro Raul Jungmann (PPS-PE).

¿Acredito que não há nenhuma irregularidade nas minhas contas. Não fiz nenhum gasto desses sem consultar os órgãos de controle¿, afirmou Paulo Renato. ¿Não vou admitir tratamento desigual. Se o ministro Jorge Hage abrir processo contra mim, vou exigir que abra de todos os ministros¿, disse o tucano. ¿Não vejo razão para os gastos pessoais do presidente Lula estarem cobertos pelo sigilo¿, completou.

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