Título: Tupi entra em operação só em 2012. Com tecnologia-modelo para pré-sal
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2008, Economia, p. B16
Projeto-piloto deve começar em 2010 e vai definir como será a extração do combustível em águas ultraprofundas
A Petrobrás fará, no início de 2009, o teste de longa duração que determinará o volume exato das reservas do campo de Tupi, a primeira grande descoberta em águas ultraprofundas da Bacia de Santos. Será esse o campo - com estimativa inicial de conter entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo - que vai definir a tecnologia adotada na produção em toda a chamada camada de pré-sal, revela uma fonte da estatal. Mas o projeto-piloto somente entrará em operação em 2010 e a produção plena, em 2012, na melhor das hipóteses.
Na semana passada, declarações do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, sobre a possibilidade de uma nova província petrolífera na Bacia de Santos (área conhecida como Pão de Açúcar/Carioca) conter volume de petróleo cinco vezes superior à de Tupi levaram rebuliço ao mercado.
De acordo com a fonte da estatal, não há como afirmar ainda com precisão a existência de jazidas dessa magnitude. Mas confirma que a animação entre a equipe é muito grande pelo fato de todos os sete poços perfurados na região, em cinco diferentes blocos, terem detectado a existência de óleo.
O inusitado índice de sucesso na perfuração já levanta entre as empresas responsáveis pela operação dos poços a suspeita de que toda a região forme um único campo. A Lei do Petróleo prevê casos assim e determina que seja promovida a unitização de blocos.
¿Essa é uma possibilidade¿, admite o geólogo John Forman, ex-diretor da ANP, hoje dono da J. Forman Consultoria. ¿É extremamente difícil tantos poços pioneiros terem resultado positivo desse jeito. Não há a menor dúvida de que aquela é uma área de grande potencial. Mas ainda teremos de esperar um ano para a declaração de comercialidade de Tupi.¿
Ele explica que a unitização de blocos servidos por uma mesma jazida é obrigatória e tem como objetivo garantir o melhor aproveitamento do campo. E cita uma imagem figurada de uma jarra de água com canudos para três diferentes consumidores. Se não houver definição antecipada do volume que caberá a cada um, todos sugarão o mais rapidamente possível, para ficar com a maior parte, o que levará ao esgotamento da reserva antes do tempo.
A Petrobrás ainda precisará de dois a três meses para anunciar as primeiras estimativas sobre blocos na área Carioca/Pão de Açúcar, informou na semana passada o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.
O presidente da Petrobrás não confirmou a expectativa de 33 bilhões de barris anunciada por Lima, em seminário do qual participou segunda-feira, no Rio. Lima revelou o número espontaneamente, durante uma palestra sobre as potencialidades brasileiras.
A revelação fez com que as ações da Petrobrás disparassem no Brasil e em Nova York, e movimentou as cotações das empresas estrangeiras que operam naquela região, em parceria com a estatal.
NÚMEROS OFICIOSOS
Lima teve de se explicar na Comissão de Infra-Estrutura do Senado e atribuiu a informação a dados coletados em noticiário especializado. No dia da palestra, porém, havia explicado que eram ¿números oficiosos, com base em dados preliminares das empresas¿. Depois dos esclarecimentos no Senado, Lima não concedeu mais nenhuma entrevista.
Gabrielli se recusa a comentar as declarações de Lima. ¿Não vou falar sobre isso¿, disse, quinta-feira, e destacou que qualquer divulgação sobre as reservas dos blocos de Santos tem de ser feita ¿com prudência e de forma responsável¿.
Os blocos que estão sendo explorados em Santos abaixo da camada de sal são concessões adquiridas em 2000 e 2001 em leilões da ANP. O mapeamento dessas áreas, consideradas novas fronteiras exploratórias, está sendo feito desde 2004. Mas a Petrobrás e as companhias estrangeiras - entre elas, BG, Galp, Amerada Hess, Exxon - não têm certeza sobre a viabilidade de produção, por causa do alto custo.
No Golfo do México já há produção de petróleo em pré-sal, mas a profundidade não ultrapassa 5 mil metros. Aqui, esses campos terão de produzir a 7 mil metros de profundidade, em média. Somente na fase de exploração foram gastos US$ 420 milhões na perfuração dos sete poços.
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