Título: Aliados blindam Dilma e evitam nova convocação pelo Senado
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2008, Nacional, p. A4

Senadores governistas chegam cedo à comissão, invertem pauta e rejeitam requerimento da oposição

Preocupada em proteger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de ataques da oposição, a base aliada desencadeou ontem uma operação de blindagem para retirar a ¿mãe do PAC¿ da linha de tiro.

Depois de cochilar e permitir na semana passada a aprovação de um requerimento convocando Dilma para depor sobre a montagem do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na Comissão de Infra-Estrutura, senadores da base aliada do governo deram o troco.

Os governistas recorreram à mesma tática-surpresa utilizada pelo PSDB e pelo DEM para rejeitar requerimento que, mais uma vez, convocava a ministra para falar sobre o dossiê, desta vez na Comissão do Meio Ambiente.

Os senadores afinados com o Planalto chegaram cedo à comissão, antes dos colegas da oposição. Ali, sem alarde, e com apoio do presidente da comissão, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), inverteram a pauta. O requerimento do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que pedia a convocação, saiu do sexto lugar da fila para ser o primeiro. Num plenário quase vazio, o pedido acabou rejeitado.

A articulada coreografia governista é parte de um movimento maior para poupar Dilma de desgastes políticos. Ontem, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou que vai tentar derrubar a convocação da ministra para falar sobre dossiê na Comissão de Infra-Estrutura.

¿É anti-regimental, não podemos transformar a comissão numa coisa que ela não é¿, disse Jucá. O líder governista já entregou seu pedido de anulação ao senador Marconi Perillo (PSDB-GO), presidente da comissão.

PLENÁRIO

Será uma batalha regimental. Segundo Perillo, a convocação de Dilma para falar do dossiê, confeccionado na Casa Civil, é matéria vencida, superada, e, como tal, impossível de ser alterada.

Ainda assim, Perillo decidiu submeter o requerimento do líder governista ao plenário, transferindo a decisão para a maioria dos 81 senadores. ¿Pelo regimento, não podemos acolher o pedido de rever uma matéria vencida¿, afirmou. ¿Que seja, pois, debatido por todos no plenário.¿

O plantão dos governistas continua hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde outro requerimento do líder Arthur Virgílio aguarda votação. A justificativa é a mesma: a de ouvir a ministra sobre a denúncia de que teria responsabilidade na feitura e no vazamento do dossiê sobre as contas sigilosas.

O requerimento está na pauta há três reuniões. A chance de ser aprovado é mínima, já que o governo ali, além de ser maioria, tem mantido um quórum suficiente para derrubá-lo.

FERIADO

Na contabilidade da base aliada, Dilma só irá comparecer à Comissão de Infra-Estrutura no dia 30, véspera do feriado de 1º de maio, para falar exlusivamente do PAC. Essa convocação, produto de uma primeira cochilada da base aliada, não menciona o assunto dossiê e foi, portanto, considerada menos prejudicial a Dilma.

O requerimento não é uma camisa-de-força e, por isso, a oposição anunciou que não se restringirá ao tema, por entender que não se pode ignorar o papel da ministra na polêmica gerada pela divulgação do dossiê. ¿A ministra foi a primeira a falar sobre o dossiê e nada esclareceu, não sei por que, agora, teremos de ignorar o assunto¿, alegou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Se Dilma Rousseff não comparecer até o dia 5 de maio, Perillo pode processá-la por crime de responsabilidade.

FRASES

Romero Jucá Líder do governo ¿É anti-regimental, não podemos transformar a comissão numa coisa que ela não é¿

Sérgio Guerra Presidente do PSDB ¿A ministra foi a primeira a falar sobre o dossiê e nada esclareceu, não sei por que, agora, teremos de ignorar o assunto¿

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