Título: Hillary vence prévia na Pensilvânia, mas não tira favoritismo de Obama
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2008, Internaconal, p. A11

Diferença de 8 pontos mantém ex-primeira-dama na disputa, com 135 delegados a menos do que o rival

A ex-primeira-dama americana Hillary Clinton obteve ontem nas primárias democratas da Pensilvânia uma vitória crucial para se manter viva na corrida rumo à Casa Branca. Seu triunfo sobre o senador Barack Obama foi projetado pelas TVs americanas com base em resultados parciais e pesquisas de boca-de-urna. Apurados 55% dos votos, Hillary estava com 54%, enquanto Obama tinha 46%. Com isso, a senadora já garantia 28 e o senador, 19 dos 158 delegados em jogo no Estado.

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Segundo contagem feita pela TV CNN, Obama já reuniu 1.667 delegados e Hillary, 1.532. Faltam nove prévias antes da convenção democrata, em agosto. As próximas disputas serão travadas em 6 de maio na Carolina do Norte (onde Obama é favorito) e em Indiana (onde Hillary tem ligeiro favoritismo). Se Hillary não obtiver uma contundente vitória em Indiana, analistas especulam que ela poderia abandonar a disputa.

Segundo pesquisas de boca-de-urna, Hillary garantiu a vitória na Pensilvânia graças ao apoio dos operários, das mulheres e dos brancos, numa votação em que a situação economica foi apontada pelo eleitorado como a maior preocupação. Segundo uma sondagem divulgada pela agëncia Associated Press, mais de 80% dos eleitores entrevistados ao deixar os locais de votação disseram que os Estados Unidos já estão em recessão.

A Pensilvânia tem 4,3 milhões de eleitores democratas registrados e o comparecimento às prévias de ontem foi de 52%, um recorde. Nas primárias democratas de 2004 nesse Estado, o comparecimento foi de apenas 26%.

A ala de Obama insistia que a vitória de Hillary por uma margem de menos de 10 pontos seria, na realidade, uma derrota moral para a senadora. ¿Começamos perdendo por 20 pontos. As pesquisas agora mostram de 6 a 8 pontos de diferença. Nos movemos devagar¿, disse Obama ontem de manhã.

Já Hillary apostava na idéia de que ¿uma vitória é uma vitória¿. E ponto final. ¿Não acho que a margem importe¿, disse a senadora a uma TV.

¿Obama precisa mostrar que consegue vencer em grandes Estados, que os democratas precisam para ganhar a presidência¿, disse Hillary, afirmando que Obama gastou quatro vezes mais que ela na Pensilvânia.

Obama voltou a criticar o que chama de ¿distrações manufaturadas¿ da campanha de Hillary, que vem apostando em comerciais negativos e ataques contra o candidato. ¿Aposto que o público americano está cansado desse tipo de política¿, disse Obama.

Hillary já enfrenta dificuldades para arrecadar fundos e qualquer resultado que não fosse uma vitória arrasadora diminuiria o entusiasmo de seus voluntários. Antes da votação, a senadora contava a demografia que, teoricamente, lhe seria favorável na Pensilvânia. O Estado tem grande população de mais de 55 anos, branca, de classe trabalhadora e católica.

A disputa entre Obama e Hillary está dividindo as famílias dos mais fiéis eleitores democratas. Seguindo os perfis demográficos do eleitorado, os pais votam em Hillary, os filhos em Obama. Maridos votam em Obama, mulheres em Hillary. Gays votam em Hillary, heterossexuais em Obama.

O casal Sandra Sovel e Jack Weinstein teve sua primeira divergência política em muitos anos. ¿Bill e Hillary já estiveram oito anos no poder, é suficiente¿, diz Weinstein, dono de uma empresa imobiliária. ¿Não quero um casal brigando na Casa Branca de novo.¿

¿Mas Hillary tem muito mais experiência¿, retruca sua mulher, Sandra.

¿Experiência em que, em esquivar-se de tiros na Bósnia?¿ ironiza Weinstein, referindo-se à gafe de Hillary ao dizer que havia enfrentado fogo cerrado na Bósnia, o que não era verdade. COM AP

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