Título: Conselho da Unifesp exige afastamento de reitor
Autor: Macedo, Fausto ; Recondo, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2008, Nacional, p. A8

Em carta aberta à população, professores, estudantes e funcionários dizem que medida é em defesa da ética

Ricardo Brandt

No terceiro dia de protestos na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Conselho das Entidades, que agrega representantes dos professores, dos estudantes e dos funcionários, decidiu unir forças e assinou uma carta aberta à população em que pede o afastamento temporário do reitor, Ulysses Fagundes Neto. ¿Para a defesa da ética na administração pública, impõe-se, neste momento, o afastamento do reitor para que todos os fatos sejam apurados de forma isenta¿, diz a nota.

É a primeira vez que a Associação dos Docentes da Unifesp e o sindicato dos servidores da instituição se pronunciam oficialmente sobre o caso. A decisão em consenso saiu após reunião entre representantes das entidades acadêmicas. Eles decidiram ainda um boicote ao convite feito pelo reitor para um encontro na reitoria. ¿Toda explicação que ele poderia dar já foi dada. Não temos mais dúvidas sobre o que aconteceu. Quando quisermos que ele se explique, nós iremos convocar uma reunião¿, disse o coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Tiago Cherbo.

Na nota, o Conselho de Entidades defende o afastamento temporário do reitor ¿para que os interesses da universidade¿ sejam priorizados e seu patrimônio, preservado.

PLEBISCITO

Ontem os estudantes foram pela segunda vez ao prédio da reitoria protestar. Cerca de 300 alunos, com faixas e gritos de ordem, ocuparam o pátio da universidade com máscaras dos personagens Mickey e Minnie, numa alusão aos gastos feitos pelo reitor em um hotel de Orlando, nos Estados Unidos. Alguns estudantes de medicina reclamaram da manifestação por causa do barulho, que, segundo eles, prejudicaria o hospital universitário ao lado da reitoria. Um grupo deles tentou jogar água com uma mangueira nos manifestantes, mas a Polícia Militar interveio.

À noite, em assembléia, os estudantes suspenderam a greve e marcaram para a próxima sexta-feira um plebiscito para decidir se defendem ou não a renúncia do reitor.

Pesa contra o reitor, investigado pela CPI dos Cartões e pelo Ministério Público Federal, a acusação de uso do cartão corporativo do governo federal para pagamento de despesas pessoais em lojas de acessórios esportivos, restaurantes de luxo e viagens ao exterior.

O reitor, que já admitiu ter usado o cartão para despesas pessoais, divulgou ontem mais uma nota explicando seus gastos e sustentando que não houve má-fé. Ressaltou que todo o montante usado por ele nos últimos dois anos foi devolvido integralmente, portanto, não haveria dano aos cofres públicos.

Ele devolveu ao todo R$ 85 mil. Fagundes disse que não há motivo para seu afastamento e atribuiu os gastos irregulares à falta de normatização para uso do cartão corporativo.

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