Título: ONU faz plano contra a crise dos alimentos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/04/2008, Economia, p. B9

Combate à fome inclui distribuição de comida e `revolução verde¿ na África

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e os dirigentes das 27 agências e organizações das Nações Unidas estabelecerão hoje e amanhã, em Berna, na Suíça, um plano para controlar a crise causada pela alta dos preços dos alimentos básicos.

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A intenção do secretário-geral é que o plano tenha duas etapas principais. A primeira será aumentar o orçamento das Nações Unidas para alimentar cerca de 77 milhões de pessoas.

Ele estima que, nos últimos meses, cerca de 100 milhões de habitantes das áreas mais pobres do mundo, que antes não precisavam de ajuda, não conseguiram mais arcar com os custos dos alimentos.

Para atender a todos, a entidade pede a doação de US$ 755 milhões, além dos US$ 2,9 bilhões previstos no plano feito no fim de 2007. Até agora, o Programa Mundial de Alimentos da ONU arrecadou 63% da quantia extra.

Um segundo passo será uma estratégia para promover na África uma ¿revolução verde¿. Isso vai incluir o treinamento de agricultores, com mais tecnologia e recursos. A brasileira Embrapa vai participará e já está estudando como adaptar sementes ao solo africano.

A ONU e suas agências devem agir com urgência para socorrer as populações mais pobres e explorar soluções em curto prazo, atuando como mediadora entre partidários do protecionismo e defensores da abertura do mercado, sem esquecer dos militantes a favor dos biocombustíveis e seus opositores.

Os primeiros resultados da reunião serão divulgados amanhã por Ban Ki-Moon, que estará acompanhado da diretora-executiva do Programa Alimentar Mundial, Josette Cheeran, do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, do diretor da Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO), Jacques Diouf, e do presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento e a Agricultura, Lennart Bege.

ESTADO DE ALERTA

A alta dos preços dos cereais gerou uma situação de extrema gravidade em 37 países e originou diversos distúrbios causados pela fome, alertou a FAO. Na sexta-feira, Ban Ki-Moon fez um apelo desesperado em favor de uma ¿ação imediata para enfrentar uma verdadeira crise mundial¿. Ela está convencido de que os governos ricos podem ajudar a solucionar a crise de alimentos.

O que ele teme é que vários governos usem recursos de outros programas sociais nos países mais pobres para solucionar a questão da fome. O resultado seria uma ¿cascata¿ de crises, já que faltariam recursos na saúde, educação e outros setores.

A ONU pediu a todos os países, incluindo o Brasil, que mantenham seu comércio de alimentos aberto, pois o aumento no preço das commodities já se tornou ¿uma crise global real¿. JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE, E AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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