Título: Espionagem da PF na Câmara é inadmissível, diz Chinaglia
Autor: Pereira, Rodrigo; Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Nacional, p. A4

Presidente da Casa exigirá a identificação do policial que investigou lobista no caso do BNDES

O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou ontem que vai ¿exigir a identificação¿ do policial federal que ¿investigou e espionou¿ nas dependências da instituição parlamentares supostamente envolvidos no esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para Chinaglia, a Polícia Federal ¿desrespeitou¿ a instituição ao espionar o lobista João Pedro de Moura, inclusive no instante em que ele deixou o gabinete do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).

¿Já determinei investigação imediata. Vamos exigir a identificação do araponga¿, afirmou Chinaglia, no início da noite de ontem, no plenário da Câmara. Em sua avaliação, a atitude da Polícia Federal foi ¿inadmissível¿. ¿Minha reação é que agrediram o Poder Legislativo ao entrarem na Câmara sem se identificar¿, disse.

Segundo Chinaglia, a PF não pediu autorização à direção da Câmara para filmar e fotografar o lobista nem para fazer qualquer tipo de investigação nas dependências da Casa. Os detalhes da investigação na Câmara foram revelados pelo Estado na edição de ontem.

Chinaglia pretende reunir hoje a Mesa Diretora da Câmara para decidir que atitude tomar em relação ao episódio. ¿No mínimo, manifestaremos nosso desagrado ao Ministério da Justiça¿, afirmou o presidente da Câmara. A Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça.

O episódio de filmagem nas dependências da Câmara envolvendo Henrique Eduardo Alves e o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, causou indignação entre os parlamentares.

Tanto José Genoino (PT-SP) quanto Paulo Maluf (PP-SP) fizeram questão de ir ao microfone no plenário da Câmara e criticar a atitude da Polícia Federal. ¿Quero protestar contra essa atitude canalha de filmar quem entra e sai de gabinete. Houve uma invasão de privacidade¿, disse Maluf.

¿Recebemos qualquer pessoa no gabinete e nos corredores¿, observou Genoino, ao argumentar que esses visitantes podem estar sendo acusados de algo ilícito e o parlamentar ser, conseqüentemente, envolvido, sem querer, na acusação.