Título: Tarso nega que deputados estejam sob investigação
Autor: Pereira, Rodrigo; Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Nacional, p. A4

Ministro diz que cobrou explicações do diretor da PF sobre `regularidade da divulgação do inquérito¿

Roberto Almeida, Vannildo Mendes, Fausto Macedo e

Os deputados Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) acionaram ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro, questionando a divulgação do relatório da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal.

Tarso negou ontem, por meio de nota, que Paulinho e Eduardo Alves sejam alvos da investigação da Polícia Federal. ¿A Polícia Federal não está investigando nenhum deputado no inquérito¿, ressalta o ministro. ¿Para fazê-lo, necessitaria de determinação do Supremo Tribunal Federal¿, explica. Na nota, Tarso esclarece que as informações relacionando os dois deputados às investigações são de responsabilidade da imprensa. Ele insinua ainda ter censurado o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, do qual alega ter cobrado explicações sobre o vazamento da notícia. ¿(O ministro) aguarda resposta (de Corrêa), a respeito da regularidade da divulgação de elementos do referido inquérito, estampados nos jornais de hoje¿, enfatiza a nota.

A manifestação do ministro expõe o grau de desconforto que a divulgação dos nomes dos dois parlamentares causou ao governo. Alves é líder na Câmara do principal partido da base aliada do governo. A nota foi divulgada à noite, depois de intensas pressões dos dois.

¿Fui ao ministro exigir esclarecimentos e ele disse que não há acusação nem investigação que me envolva¿, afirmou Alves. ¿É uma acusação que beira o ridículo.¿ Antonio Rosella, advogado de Paulinho, ainda fez duras críticas à PF. ¿É um absurdo o que a polícia disse do Paulinho.¿

Paulinho passou o dia de ontem longe dos holofotes. Ele havia sido convidado a participar de sessão solene na Assembléia de São Paulo, mas não compareceu. O evento celebrava os 75 anos do Sindicato da Indústria Farmacêutica no Estado de São Paulo e comemorava a oficialização da redução da jornada de trabalho no setor para 40 horas semanais, sem redução de salário - uma das bandeiras da Força Sindical.

Para a Força, Paulinho teria desistido do evento no sábado em razão dos preparativos para a festa de 1º de Maio e do cumprimento de agenda em Brasília. Ontem, até o fim da tarde, porém, Paulinho permaneceu em São Paulo, onde ainda era esperado para a reunião dos partidos do ¿bloquinho¿ - PSB, PC do B, PDT e PRB -, mas tampouco compareceu.

Alves voltou a afirmar que este ano não foi a seu gabinete de deputado - alega ter freqüentado apenas o de líder do PMDB. Disse, também, que no dia 13 de fevereiro - data em que o lobista João Pedro de Moura teria ido a seu gabinete - houve reunião dos líderes com centrais sindicais. ¿Como esse rapaz (João Pedro) diz ser sindicalista, deve ter ido à Câmara panfletar.¿