Título: Terceiro mandato divide eleitores, aponta pesquisa
Autor: Bramatti, Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Nacional, p. A6

CNT/Sensus mostra que 50,4% apoiariam possibilidade de reeleição e 45,4% seriam contra; Lula seria o favorito se pudesse concorrer em 2010

Uma eventual alteração da Constituição para possibilitar um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria o apoio de 50,4% dos brasileiros e seria rejeitada por 45,4%, segundo a última pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem. Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, a situação é de empate técnico. O mesmo levantamento mostra que, na hipótese de a reeleição ser permitida, Lula seria o favorito, embalado pela avaliação positiva recorde de seu governo e de seu desempenho pessoal.

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Lula lidera até mesmo a pesquisa espontânea sobre as eleições presidenciais de 2010, com 29,4% - uma mostra de que expressiva parcela da população ignora ou quer ignorar o fato de que o petista está legalmente impedido de se candidatar. A pesquisa espontânea é aquela em que o entrevistado cita o nome de sua preferência sem consultar uma lista de candidatos. No levantamento estimulado, o tucano José Serra lidera com 36,4% quando a candidata do PT é Dilma Rousseff (6,2%) e com 34,2% quando Patrus Ananias (3,8%) entra no lugar da ministra-chefe da Casa Civil .

Quando questionados sobre uma hipotética alteração constitucional que permitisse o terceiro mandato, e sobre uma eventual disputa entre Lula e Serra, os entrevistados optam majoritariamente pelo petista (51,1% a 35,7%). Se excluídos votos brancos e nulos, o presidente teria 58,8%, e o governador de São Paulo, 41,2%. O quadro é similar aos das eleições de 2002 e 2006, que Lula venceu, no segundo turno, por 61,3% a 38,7% (contra Serra) e por 60,8% a 39,2% (contra Geraldo Alckmin).

O desempenho de Lula na Presidência é aprovado atualmente por 69,3%, uma oscilação positiva de 2,5 pontos percentuais em relação a fevereiro, data do levantamento anterior do Instituto Sensus por encomenda da Confederação Nacional dos Transportes.

O resultado indica que a imagem de Lula não foi afetada pelo tema que mais tem causado problemas políticos ao governo - o vazamento do dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Dilma Rousseff, apontada pela oposição como suspeita de elaborar o dossiê, é vista por apenas 8,9% dos entrevistados como a principal responsável pelo fato. Assessores da ministra (6,7%) e a própria Casa Civil (4,6%) também são citados, mas nada menos que 36,4% revelam não ter ouvido falar do caso. A desinformação é tamanha que os próprios membros da CPI que investiga o assunto são apontados por 10,8% como responsáveis pelo dossiê.

A avaliação positiva do governo subiu quase cinco pontos percentuais desde fevereiro e chegou ao recorde de 57,5% (soma dos índices de ¿bom¿ e ¿ótimo¿). O principal fator que explica essa percepção é o crescimento da economia. Para 48,2% dos entrevistados, houve melhora na situação do emprego nos últimos seis meses. Outros 37,8% dizem que sua renda aumentou nesse período.

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