Título: Ex-diretora da Gautama deve ser indiciada
Autor: Rodrigues, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Nacional, p. A8

Ao depor na PF, Maria de Fátima usou habeas-corpus para nada falar

Três deputados distritais da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura irregularidades em obras realizadas pela Construtora Gautama, no Distrito Federal, estiveram ontem em Maceió para ouvir a ex-diretora comercial da empresa, Maria de Fátima Palmeira. Mas não conseguiram obter nenhuma palavra da executiva, que chegou à sede da Polícia Federal munida de um habeas-corpus que lhe garantia o direito de silenciar.

Isso não impedirá, porém, que ela seja indiciada. Segundo informações dos deputados Bispo Renato (PR), Júnior Bruneli (DEM) e Cabo Patrício (PT), ela participou do esquema de fraudes, que resultou no desvio de R$ 3,5 milhões - de um total de R$ 145 milhões liberados pelo Ministério da Integração Nacional para obras de macrodrenagem da Bacia do Rio Preto, no Distrito Federal.

¿Perdemos a viagem, porque a ex-diretora se recusou a responder às perguntas, mas mesmo assim será indiciada, assim como os outros envolvidos no escândalo¿, afirmou o deputado Cabo Patrício. Ele também disse que o trabalho da CPI será encerrado no dia 12 de maio.

Os três deputados deverão encontrar-se hoje em Salvador com o empresário Zuleido Veras, dono da Gautama, e com dois funcionários da empresa, para ouvir seus depoimentos, na sede local da PF.

Em Brasília, a CPI da Gautama deve ouvir o ex-deputado Pedro Passos, que renunciou ao mandato após a PF ter deflagrado a Operação Navalha, em abril do ano passado. Os parlamentares investigam desvio de recursos públicos por meio da construtora.

Na época da descoberta do golpe, o empresário Zuleido Veras e Maria de Fátima Palmeira foram presos, assim como políticos e agentes públicos, acusados de envolvimento na fraude. A operação acabou atingindo dois ex-secretários do governo de Teotônio Vilela Filho (PSDB), Adeilson Bezerra e Enéas Alencastro, que ficaram presos durante alguns dias.

Para os deputados distritais, o silêncio da ex-diretora comercial Fátima Palmeira só prejudicou a sua situação. ¿O depoimento dela seria importante, porque é considerada a peça central no funcionamento da Gautama¿, disse o deputado Cabo Patrício. ¿Era ela quem autorizava pagamentos e negociações que envolviam grandes somas e as grandes obras da empresa. Como ela não quis falar, vamos incluir este fato no relatório e indiciá-la¿, acrescentou o deputado.

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