Título: Parar desmate é missão enorme
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Vida&, p. A16

Ministro alemão do Ambiente mostra preocupação com desflorestamento em visita ao Brasil

O ministro do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha, Sigmar Gabriel, afirmou ontem, no primeiro dia de sua viagem oficial ao Brasil, ser 'uma missão enorme' para o governo brasileiro tentar deter o desmatamento diante da alta de preços de ração animal. Até sexta-feira, quando termina sua missão, o ministro deverá cumprir uma agenda com três pontos básicos: desmatamento, biocombustíveis e preparativos para 9ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP-9), marcada para maio, em Bonn.

Gabriel deverá fazer uma visita ao Pará, onde poderá ter contato direto com uma amostra do desmatamento no País. Ele não quis fazer comentários sobre a retomada do ritmo de derrubada das florestas no Brasil - disse que, em seu primeiro dia de viagem, seria precipitado fazer avaliações. Mas mostrou preocupação em relação à pressão sobre as florestas, que, em sua avaliação, está intimamente ligada ao aumento de preços dos produtos agrícolas usados para ração animal.

Na manhã de ontem, Gabriel encontrou-se com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ao colega, Marina mostrou números de operações para conter o desmatamento, de prisões feitas e processos abertos. A Alemanha assume a presidência da COP-9 em maio, no lugar do Brasil, que desde 2006 exerce o posto.

INCENTIVO ECONÔMICO

No encontro com Marina, Gabriel pediu apoio para acelerar as negociações em torno do regime internacional sobre acesso e repartição de benefícios (ABS), um mecanismo para incentivar países a proteger seus recursos genéticos. 'Só no momento em que países de beneficiarem economicamente do uso desses recursos é que terão incentivo para preservá-los. É a forma mais eficaz de se garantir proteção', afirmou Gabriel.

Na avaliação de Marina, esse recurso seria essencial para conter o desmatamento. Novamente, ela defendeu a criação de um fundo voluntário de incentivo para países que reduzirem suas emissões de CO2. 'É tão difícil para países ricos mudarem sua matriz energética para fontes renováveis quanto para países em desenvolvimento mudar sua forma de produção', justificou.

A Alemanha é o segundo maior doador para projetos na área ambiental. No Programa-Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), que financia projetos na Amazônia e na mata atlântica, nos últimos doze anos, a Alemanha é a principal doadora.

O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, afirmou que, desde 1995, o Brasil recebeu US$ 280 milhões no âmbito do PPG7.

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