Título: Com US$ 2,2 bi, bancos lideram remessas de lucros
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Economia, p. B3

Setor foi seguido por montadoras, com R$ 1,17 bilhões, e pela indústria metalúrgica, com US$ 804 milhões

Bancos, montadoras e metalurgia lideraram as remessas de lucros e dividendos ao exterior, que bateram recorde no primeiro trimestre do ano. É o que mostram números divulgados ontem pelo Banco Central. Dos US$ 8,662 bilhões enviados ao exterior no período, os bancos responderam por US$ 2,228 bilhões, enquanto o setor automobilístico enviou US$ 1,176 bilhão e a indústria metalúrgica, US$ 804 milhões.

¿Instituições financeiras e indústria automobilística têm rentabilidade expressiva no mercado brasileiro, mas têm enfrentado dificuldades no exterior¿, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Por isso, é possível que o crescimento nas remessas ao exterior tenha ocorrido, em parte, para compensar perdas com a crise do subprime e com a desaceleração das economias dos Estados Unidos e da União Européia.

A crise externa não é, porém, a principal explicação para o forte volume de remessas de lucros e dividendos ao exterior. O fator de maior influência é a grande lucratividade das empresas no mercado brasileiro. ¿Só remete lucro quem tem lucro¿, disse Altamir. Outro motivo é a valorização do real. Nessa situação, é vantajoso mandar dinheiro ao exterior, pois os reais rendem mais dólares.

Os ganhos no mercado brasileiro fazem com que, coincidentemente, os setores que mais remetam lucro sejam praticamente os mesmos que mais investem no País. De acordo com dados do Banco Central, os investimentos estrangeiros diretos foram liderados pelos bancos, que injetaram US$ 1,257 bilhão no primeiro trimestre. A indústria metalúrgica fica em segundo lugar, com US$ 841 milhões e as montadoras, em terceiro, com US$ 590 milhões. Empresas do setor de comércio (exceto revendas de automóveis) ficaram em quarto lugar, com ingressos de US$ 518 milhões.

O resultado das contas externas em março foi enfraquecido também por um desempenho aquém do esperado na balança comercial, que teve saldo positivo de apenas US$ 1,012 bilhão. ¿Veio abaixo do que esperávamos¿, disse Altamir Lopes.

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