Título: Mercado espera IPCA de 4,79%
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Economia, p. B5

Segundo o BC, analistas elevaram projeção pela 5.ª semana seguida

A inflação recente mostra que os alimentos continuam subindo e o mercado financeiro reviu para cima a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2008. Segundo a pesquisa semanal Focus divulgada ontem pelo Banco Central (BC), o mercado espera inflação de 4,79% no ano, ante expectativa anterior de 4,71%. Com a alta, a quinta seguida, o número se distancia do centro da meta para o ano, de 4,5% - há, ainda, uma margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Diante da inflação apontando para cima, os analistas elevaram a aposta para o nível da taxa básica de juros (Selic) no fim do ano, de 12,75% para 13% ano ano. Agora, o mercado acredita que o BC deve aumentar a Selic em mais 1,25 ponto até o fim de 2008 (do nível atual, de 11,75% ao ano).

¿É possível notar que mais instituições financeiras estão pessimistas com a Selic. Não é apenas pelos alimentos, que ainda configuram um fator incerto, mas também pela expectativa de alta da gasolina¿, explicou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.

Segundo o economista, o número do IPCA-15 (que difere do IPCA apenas no período de medição) pegou boa parte do mercado de surpresa, o que deflagrou ajustes nas projeções. Em março, o indicador subiu 0,59%, com especial pressão nos alimentos, que tiveram alta de 1,28%. ¿Como alguns economistas podem demorar um pouco mais para refazer as contas, é possível que o próximo relatório Focus tenha outra alta ainda como reflexo do IPCA-15¿, disse Campos Neto.

Graças à alta dos alimentos, a projeção para o IPCA em abril subiu de 0,40% para 0,50%. Para maio, a expectativa também cresceu, de 0,31% para 0,35%.

O economista do Banco Schahin alerta que essa rodada de revisões para cima pode ser repetida brevemente, caso seja confirmado o aumento do preço dos combustíveis que vem sendo cogitado por boa parte dos especialistas da área de petróleo.

¿O mercado ainda não absorveu essa alta porque não sabe como e quando essa decisão pode ser anunciada. Se isso for confirmado, teremos nova rodada de alta das projeções¿, observou Campos Neto.

TRANSAÇÕES CORRENTES

O relatório Focus também trouxe nova piora das projeções para as contas externas, a 22ª consecutiva. Para os analistas, o ano deve terminar com déficit em transações correntes de US$ 16,6 bilhões, ante previsão anterior de US$ 16,5 bilhões. Essa piora reflete a expectativa de saída de dólares do Brasil, em itens como a remessa de lucros e dividendos por empresas multinacionais e gastos em viagens internacionais.

Na pesquisa, os analistas mantiveram a expectativa de que a economia deve crescer 4,60% em 2008, com expansão da atividade industrial de 5,50% no ano.

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