Título: Para o álcool brasileiro, elogios
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Economia, p. B8

Em carta ao Itamaraty, relator da ONU poupa o Brasil

O relator das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, que ontem voltou a atacar os biocombustíveis, sabe muito bem a diferença entre o etanol brasileiro e o americano no que se refere à competição com alimentos. Em março deste ano, ele já havia feito publicamente uma ressalva em relação ao etanol de cana-de-açúcar produzido pelo Brasil, dizendo que o produto respeita o direito à alimentação. E em carta enviada ao Itamaraty, no dia 21 de abril, elogiou o programa brasileiro de biocombustíveis.

Embora tenha voltado ontem a atacar os biocombustíveis, classificando-os de ¿intoleráveis¿, e tenha defendido uma moratória de cinco anos na expansão do consumo, no texto, ao qual o Estado teve acesso, Ziegler se disse ¿particularmente impressionado¿ pelos programas da Petrobrás para produzir biodiesel de mamona e de outros frutos. Esses programas, disse ele, ¿permitem a milhares de famílias pobres sair da marginalidade¿.

Ele registra, também, ter sido informado que o Brasil tem 91 milhões de hectares de terras agricultáveis não exploradas. Além disso, o País usa somente cana, ¿e não alimentos básicos¿ para produzir etanol. ¿Esses fatos devem ser levados em conta¿, diz Ziegler na carta. Em outro ponto, ele traça a diferença entre os programas brasileiro e americano.

¿De maneira geral, o que me parece contrário ao direito do homem à alimentação é queimar em grandes quantidades e transformar em agrocarburantes os alimentos, como o fazem, por exemplo, os Estados Unidos.¿ Ele acrescenta que o programa americano recebe subsídios de US$ 6 bilhões ao ano.

O relator da ONU conta que após o início da crise dos alimentos foi convidado a dar entrevistas, mas não falou a órgãos de imprensa do Brasil, ¿para não criar polêmica com o governo brasileiro¿. Ele diz ter grande admiração pelo presidente Lula - ¿e não quero que haja mal-entendido entre nós¿.

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