Título: China condena 30 manifestantes pró-Tibete
Autor: Trevisan, Cláudia
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2008, Internacional, p. A13

Penas variam de 3 anos à prisão perpétua; mais de mil foram detidos

As primeiras 30 pessoas acusadas de participação nos protestos no Tibete, no mês passado, foram sentenciadas ontem na China a penas que variam de 3 anos à prisão perpétua. As manifestações de 14 de março foram as mais violentas na região em duas décadas e provocaram a morte de 18 civis, segundo Pequim. Nos dias que se seguiram às demonstrações, a polícia chinesa prendeu cerca de mil suspeitos de atacar lojas, casas, hospitais e escolas em Lhasa, capital do Tibete. Desse total, 400 tinham mandados de prisão emitidos, um indício do número de acusados que serão levados a julgamento.

A condenação ocorreu no mesmo dia em que a Human Rights Watch (HRW), organização com sede em Londres, divulgou relatório no qual afirma que advogados chineses são perseguidos pelo governo e enfrentam uma série de obstáculos no exercício de sua profissão, especialmente se atuam em casos considerados ¿sensíveis¿.

Segundo a entidade, advogados que se ofereceram para defender manifestantes tibetanos foram advertidos pelo Ministério da Justiça de que enfrentariam processos disciplinares e teriam dificuldade para renovar suas licenças profissionais. ¿A China ainda tem um longo caminho a percorrer para suprimir restrições arbitrárias contra advogados e estabelecer um genuíno império da lei¿, afirmou a entidade em documento de 146 páginas no qual relata inúmeros casos de violência contra advogados.

De acordo com relatos da imprensa oficial chinesa, a condenação dos acusados de participar dos protestos em Lhasa ocorreu em um julgamento ¿aberto¿, ao qual compareceram 200 pessoas. Não havia, porém, jornalistas ou observadores estrangeiros no público, já que o acesso à região é proibido. A exceção é o grupo de 11 correspondentes estrangeiros que foi levado ontem ao acampamento-base do Monte Everest, na fronteira entre Nepal e Tibete, para acompanhar a escalada da tocha olímpica ao pico de 8.844 metros - o mais alto do mundo.

O governo tibetano no exílio, liderado pelo dalai-lama, estima que pelo menos 140 pessoas morreram no Tibete e em províncias vizinhas desde o início das manifestações. Os protestos em Lhasa começaram de forma pacífica em 10 de março, para marcar o 49º aniversário do fracassado levante contra o domínio chinês, que levou ao exílio do dalai-lama na Índia. No dia 14, os protestos tornaram-se violentos.

Links Patrocinados