Título: BC trabalha de olho na inflação futura, diz Torós
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2008, Economia, p. B1

Segundo diretor, instituição procura evitar que altas pontuais dos preços se tornem generalizadas

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Mario Torós, afirmou ontem que a instituição manterá sua política atual. ¿Os bancos centrais se preocupam mais com a inflação futura do que com taxas imediatas e estão sempre prontos a atuar para evitar que altas pontuais se transformem em altas generalizadas¿, disse Torós. ¿Daí a importância das expectativas de inflação.¿

Segundo o diretor, o BC reconhece que ¿não há atalhos para que o País tenha crescimento sustentado¿. O BC mostra de forma clara, segundo Torós, que ¿sua estratégia de ação está voltada para o médio e longo prazos¿. Segundo ele, isso não poderia ser diferente, uma vez que os benefícios da inflação baixa foram sentidos por toda a sociedade. Torós admitiu que a taxa de juros brasileira é elevada, mas tem mostrado ao longo do tempo redução, tanto do juro real (que desconta a inflação) quanto nominal. ¿É inegável que a taxa de juros é alta e isso ocorre por várias razões, como o crescimento baixo e errático que vimos no passado.¿

Torós convidou a platéia do evento do qual participava a revisitar a história econômica do País. Ele lembrou de momentos em que alguns economistas defendiam um pouco mais de inflação ao País em prol do crescimento. ¿Quando vozes se levantam e dizem que só um pouco de inflação não dói, precisamos revisitar o passado, porque o resultado de ser um pouco mais complacente com essa política foi um crescimento baixo¿, disse ele, citando que a expansão média do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre 1984 e 2003, que foi de 2,7%. De 2004 a 2008, afirmou, passou para 4,5%, com inflação mais baixa.

Na avaliação de Torós, o Brasil não desperdiçou o período favorável internacional, ao contrário do que pregam alguns críticos. ¿De 2004 a 2007, vivemos um período de bonança e agora temos um período desafiador.¿

De acordo com ele, apesar da crise internacional atual, o Brasil tem se comportado de maneira consistente. ¿O câmbio flutuante funciona como um estabilizador natural de mudanças¿, disse ele, acrescentado que a história ensina que o mercado tem sido mais eficiente na administração cambial do que os governos foram.

¿A despeito dos avanços do País, não temos a pretensão de que o Brasil está imune (à crise). Há canais de transmissão, mas o País está mais preparado para cenários adversos.¿

Torós disse também que o BC pretende manter sua postura e monitorar o balanço de riscos do País. Ele salientou que o crescimento brasileiro tem sido alimentado pelo consumo das famílias e da confiança dos consumidores. ¿Uso a palavra alimentado, que está tão em voga no momento¿, brincou, referindo-se à preocupação global com o preço dos alimentos.

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