Título: IGP-M em 12 meses chega a 9,81%, maior alta desde abril de 2005
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2008, Economia, p. B1

Puxado pelos alimentos, índice que serve de referência para o reajuste dos aluguéis sobe 0,69% em abril

Pressionada pelos alimentos e pelos preços dos produtos industriais no atacado, como aço, fertilizantes e derivados de petróleo, a inflação continua em trajetória ascendente, sem contabilizar o impacto do aumento da gasolina. O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), subiu 9,81% nos 12 meses até abril. Foi a maior marca desde abril de 2005, quando o índice atingiu 10,74%. Em 12 meses até abril, os produtos agrícolas no atacado subiram 26,86%.

¿O IGP-M acumulado em 12 meses deve facilmente chegar a 10% em maio¿, prevê o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. A escalada do IGP-M em 12 meses preocupa, porque o indicador é parâmetro de reajuste de vários contratos. Pelo fato de ser um indexador, o IGP-M em alta realimenta a escalada de preços com a inflação passada.

Neste mês, o IGP-M subiu 0,69%, com ligeiro recuo em relação a março (0,74%). Mas o resultado ficou acima das projeções do mercado, que oscilavam entre 0,36% e 0,56%, segundo a Agência Estado.

¿O IGP-M deste mês é menor tecnicamente, mas muito pouco menor¿, observou Quadros. Esse ligeiro recuo ocorreu por causa da desaceleração do Índice de Preços por Atacado (IPA), que responde por 60% do IGP-M e encerrou abril com alta de 0,65%, ante elevação de 0,96% em março.

Quadros ressaltou que o recuo dos alimentos in natura neutralizou a alta de outros alimentos no atacado e fez com que os produtos agrícolas tivessem deflação 1,19% neste mês. Por isso, o IPA-M perdeu fôlego em abril. Até mesmo a subida de 1,37% dos preços industriais no atacado, que é um novo foco de pressão, foi incapaz de empurrar para cima o IPA. Nesse grupo estão bobina de aço, que aumentou 5,10% este mês, e os adubos e fertilizantes, influenciados pelo petróleo, que ficaram 16,32% mais caros e foram os campeões de alta no atacado.

Apesar da queda da média dos preços dos produtos agrícolas no atacado este mês, Quadros diz que ¿a inflação dos alimentos está viva e deve aparecer nos preços ao consumidor em maio¿. No rol das novas pressões dos alimentos, ele aponta os bovinos, que subiram 4,12% este mês, após alta de 1,68% em março.

O leite in natura é outro que está pressionado no atacado. Subiu 5,07% este mês e aumentou 4,90% em março. O arroz em casca no atacado subiu 6,44% em abril e o produto beneficiado, 12%. ¿A alta do arroz no varejo ainda vai ocorrer.¿ No caso do trigo, o produto subiu no atacado 12,11% este mês e 11,47% em março. Em 12 meses, a alta acumulada é 58,69% e neste ano, 35,62%.

A alimentação foi o destaque absoluto de alta de preços no Índice de Preços ao Consumidor-Mercado (IPC-M) de abril. O IPC-M subiu 0,76%, ante alta de 0,19% em março. O indicador pesa 30% no IGP-M.Dos sete grupos de preços pesquisados, no IPC-M, cinco tiveram aumentos. No caso dos alimentos, a elevação foi de 1,76%. Em março, houve deflação de 0,02% na alimentação.

GASOLINA

Em relação à gasolina, se o reajuste autorizado for de 5%, o impacto no atacado será de 0,05 ponto porcentual. Quadros disse que no varejo é difícil de prever, pois depende da concorrência entre os postos. Neste mês, a gasolina no atacado subiu 1,58%, ante deflação de 0,65% em março. A alta, diz Quadros, ocorreu por causa da elevação do preço do álcool que é adicionado ao combustível.

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