Título: Lula adia decisão de elevar preço da gasolina
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2008, Economia, p. B6

Depois de mais de três horas de reunião com Gabrielli, Dilma, Lobão e Mantega, presidente não define reajuste temendo alta da inflação

Preocupado com a disparada da inflação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abortou ontem, temporariamente, a decisão sobre o aumento da gasolina. Numa reunião que durou mais de três horas, Lula demonstrou contrariedade com as pressões da Petrobrás em favor do reajuste.

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) acumulado em 12 meses de 9,81% - resultado mais elevado desde abril de 2005 - acendeu o sinal de alerta. Não há clareza no governo sobre os efeitos de um aumento da gasolina. Teme-se que o reajuste dos combustíveis possa embalar ainda mais a inflação.

Mas isso não descarta um novo reajuste dos combustíveis. Ao contrário, um auxiliar do presidente diz que quem participou da reunião não tem dúvida de que o próprio Lula considera o aumento não apenas necessário, mas inevitável. Segundo assessores, apesar da resistência inicial do presidente, o assunto será novamente discutido hoje e o aumento deve sair nos próximos dias. Da reunião participaram o presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, e os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Guido Mantega (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil).

Para piorar a simulação dos cenários, há o temor de se ¿errar na mão¿ no reajuste. Hoje, o barril do petróleo está a US$ 120, mas nada impede que volte a cair. Em fevereiro, por exemplo, a cotação média do barril no mercado internacional oscilou na casa dos US$ 85.

Na exposição que fez a Lula e aos ministros na noite de ontem, Gabrielli adicionou argumentos técnicos em defesa do aumento. Segundo assessores do Palácio, ele disse que a alta do petróleo impacta vários custos operacionais, das plataformas e navios a outros equipamentos usados na exploração e processamento, que não são compensados pelo real valorizado.

Engrenagem fundamental do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Petrobrás precisa de caixa para viabilizar investimentos e atuar na exploração das novas bacias, como Tupi. Em conversas no âmbito do governo, Gabrielli tem insistido na defasagem de 100%, acumulada nos últimos dois anos, do preço da gasolina vendida pela Petrobrás em relação aos aumentos do petróleo no mercado externo.

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