Título: Pode ser eu, como milhares de Paulinhos
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2008, Nacional, p. A5

Citado pela PF, deputado afirma desconhecer teor das acusações

Silvia Amorim

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, disse ontem que não tem como se defender das suspeitas de envolvimento no suposto esquema de desvio de recursos públicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) porque sabe menos do que a imprensa sobre o caso. ¿Eu sei menos do que a imprensa, porque, para a imprensa, a Polícia Federal deu todo o dossiê, ou seja lá o quer for, um processo¿, afirmou durante evento promovido pela Força Sindical, da qual é presidente, para comemorar o 1º de Maio.

O Estado revelou ontem que, em documento oficial enviado à Justiça, a PF registrou que suspeita da ação de Paulinho em desvios de recursos públicos a partir de financiamentos concedidos pelo banco. O caso veio a público na semana passada. O parlamentar falou pela primeira vez sobre a denúncia ontem. Mas recusou-se a responder a qualquer pergunta dos repórteres, limitando-se a fazer um breve relato.

Paulinho queixou-se de não ter tido acesso às informações sobre as investigações da PF na Operação Santa Tereza. ¿Como é que eu vou me defender de uma coisa que não me deram?¿, indagou. ¿Eu, para ter acesso a esse processo, pedi aos meus advogados para irem buscar. Mas o delegado disse que meus advogados só poderiam fotografar um laudo em cima da mesa e tirar algumas cópias.¿ Paulinho afirmou que só conseguiu copiar 39 páginas de um processo que teria mais de 300.

Segundo ele, no trecho do processo a que teve acesso, há apenas uma menção a um ¿Paulinho¿ e, ainda conforme o deputado, não há prova nenhuma de que se trate dele. ¿Só sei que, nessa parte que eu tenho, citam um Paulinho uma vez. Pode ser eu, como milhares de Paulinhos.¿

O deputado não quis responder se acredita ter havido ¿exagero¿ da PF na divulgação dessas informações à imprensa. ¿Não posso falar mais nada, vocês sabem mais do que eu¿, disse.

DEFESA

Ontem o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, saiu mais uma vez em defesa do colega da partido. Ele pediu cuidado à PF para não ¿transformar esse processo de investigação em um tribunal de inquisição, acusando e condenando as pessoas sem lhes dar o direito de defesa¿.

Para Lupi, o que há, por enquanto, referente a um suposto envolvimento de Paulinho no caso são ¿interpretações¿. ¿Até agora o que existem são indícios. Fulano falou que achou que é o Paulinho. Qual o fato concreto? Qual é o dolo?¿

Lupi evitou criticar a PF, mas recomendou cautela na condução das apurações. ¿Primeiro todo o processo de investigação tem de ser concluído, depois dar o direito de defesa para então poder condenar. Senão você pode cometer graves injustiças¿, argumentou. Para o ministro, houve excesso da PF na divulgação de informações sobre o caso antes do término da investigação.

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