Título: Ações de empresas brasileiras disparam na Bolsa de Nova York
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2008, Economia, p. B1

Grau de investimento, anunciado na véspera do feriado, levou investidor para mercado que estava aberto

Patrícia Campos Mello

O feriado no Brasil, um dia depois de o País receber o grau de investimento, levou o investidor a apostar nas ações de empresas brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York, onde o mercado estava aberto. A promoção, dada pela agência de classificação de risco Standard & Poor¿s, fez com que os Recibos de Depósitos de Ações (ADRs, na sigla em inglês) de empresas brasileiras tivessem forte valorização na quarta-feira. Ontem, o movimento continuou, com algumas exceções.

Dois termômetros que medem o desempenho dos papéis brasileiros subiram na bolsa americana. O Índice Dow Jones Brasil 20, que reúne os 20 principais ADRs brasileiros, avançou 2,37%. O Índice Brasil do ADR.com, do banco JP Morgan, registrou alta de 1,98% ontem.

Os ADRs da Gol tiveram a maior alta, de 9,72%, seguidos do Bradesco, com 8,10%; Braskem, 7,70%; Vivo 6,22%; e Banco Itaú, com 5,74%. Segundo Michael Hartnett, estrategista-chefe para Mercados Emergentes da Merill Lynch, as maiores beneficiárias do grau de investimento foram as empresas mais sensíveis às taxas de juros, como bancos e companhias voltadas para a demanda doméstica. Essas empresas devem se beneficiar da queda no custo de captação de recursos.

As empresas brasileiras de commodities, que sempre foram as queridinhas dos investidores, não tiveram desempenho muito bom ontem. A Petrobrás teve alta de 0,53% e a Vale caiu 2,07%. Essas empresas foram afetadas pela queda no preço do petróleo, de 0,83%, e de outras commodities.

Um índice apurado pela agência Bloomberg em conjunto com o banco UBS, que leva em conta as principais commodities negociadas no mundo, teve ontem a maior desvalorização em seis semanas. Segundo analistas, isso ocorreu por causa da queda do dólar ante o euro no mercado global de câmbio. A moeda da zona do euro perdeu mais de 1%, e valia US$ 1,547 no início da noite de ontem.

Segundo os analistas, a desaceleração econômica dos Estados Unidos e o fraco desempenho de muitas empresas americanas levou investidores a olharem mais de perto os ADRs brasileiros. ¿Tem muita gente vendendo ação do Starbucks e comprando Sadia¿, resumiu o analista Felipe Lemos, do fundo hedge Kawa Capital.

Hartnett, da Merrill Lynch, não acha que os ADRs brasileiros vão continuar subindo constantemente, até porque o grau de investimento não protege o Brasil da crise de crédito que se vem espalhando no mundo. ¿E os ativos do Brasil continuam correlacionados aos ativos dos Estados Unidos¿, acrescentou.

Mas o selo de qualidade concedido pela S&P é visto como um grande avanço para o Brasil. ¿Trata-se de um país que já passou por nove calotes¿, lembrou Hartnett. Ele espera grande redução no custo de capital no curto prazo. No médio prazo, Hartnett acredita que haverá grande fluxo de investimento para ativos brasileiros. ¿Os ativos do Brasil registraram desempenho acima da média nos últimos cinco anos e vão continuar registrando nos próximos anos.¿

As bolsas americanas tiveram um dia positivo. O Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, avançou 1,48%, enquanto a bolsa eletrônica Nasdasq subiu 2,81%. Segundo analistas, o otimismo dos investidores se deveu a três fatores: queda da cotação do petróleo, alta do dólar e redução do juro feita pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), de 2,25% para 2% ao ano, quarta-feira.

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