Título: Para FMI e Bird, nota da S&P é 'boa notícia
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2008, Economia, p. B3

Órgãos multilaterais dizem que nova classificação atrairá investimentos

Reuters

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) consideraram ¿uma boa notícia¿ o grau de investimento concedido ao Brasil na quarta-feira. ¿A nova qualificação do Brasil deve estimular os investimentos estrangeiros na maior economia da América Latina¿, disse ontem Anoop Singh, diretor para o Ocidente do Fundo Monetário Internacional.

Para ele, a graduação BBB-, outorgada pela agência Standard & Poor¿s ao Brasil e que representa o primeiro nível na categoria de grau de investimento, fortalece as bases para a realização das reformas que ajudarão o País a alcançar seu potencial total.

Singh afirmou também que o anúncio de elevação para grau de investimento demonstrou a confiança dos investidores na política econômica do Brasil. O programa econômico do governo brasileiro, respaldado por um pacote do FMI, ajudou a estabilizar a economia após uma crise de confiança em meados de 2002, às vésperas da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

¿O compromisso demonstrado às metas - associado à lei de responsabilidade fiscal, a meta inflacionária e um regime flexível de câmbio - ajudou a enraizar a estabilidade macroeconômica e a reduzir as vulnerabilidades¿, disse Singh. Segundo ele, essas políticas levaram o País ao crescimento, com baixa inflação, menos pobreza e maior igualdade social.

NOTÁVEL

Ante a atual situação econômica global, o Banco Mundial (Bird) considerou ¿notável¿ a conquista do grau de investimento pelo Brasil. O anúncio ocorreu um dia antes de o banco avaliar uma nova estratégia de crédito de quatro anos para o Brasil, com a aprovação de empréstimos de US$ 7 bilhões nesse período para o desenvolvimento do País.

¿O que considero mais impressionante é que isso tenha ocorrido em meio a condições internacionais bastante turbulentas, o que realmente confirma a melhora da qualidade dos ativos latino-americanos, particularmente do Brasil¿, disse Augusto de la Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina. ¿Apesar da deterioração do ambiente financeiro internacional, a melhora das condições financeiras e um melhor panorama para o futuro demonstraram que o País é bastante resistente ao ambiente externo.¿

De la Torre afirmou que o impacto da melhora dos investimentos e da economia brasileira em geral já havia sido antecipada de várias maneiras, e se tornou mais evidente após o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País. ¿Também surgiu um consenso crescente entre os investidores de que o Brasil se tornou menos vulnerável às turbulências econômicas e financeiras.¿

O Brasil cortou seu vínculo com os empréstimos do Fundo Monetário Internacional há alguns anos e quitou suas dívidas com o órgão antes do programado - em um momento em que sua economia passava por uma crise de confiança econômica, entre 1999 e 2002.

O economista do Banco Mundial afirmou que a melhora da classificação de risco pela agência Standard & Poor¿s abre oportunidades no Brasil para vários investidores que, por causa de certas normas, antes não podiam investir no País pela falta do grau de investimento. Agora, esses investimentos poderão ser feitos.

¿Formalmente, isso abre portas para que bastante dinheiro da mão dos investidores respalde o desenvolvimento do Brasil¿, disse De la Torre.

Com o auge dos preços das matérias-primas, o novo grau de investimento deverá impulsionar ainda mais a expansão brasileira, especialmente em razão da recente descoberta de uma importante reserva de petróleo no País por parte da Petrobrás, acrescentou o economista.

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