Título: Evo dá início a nova onda de nacionalização
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2008, Economia, p. B5

Governo boliviano assume controle de 4 petrolíferas e uma empresa de telecomunicações no Dia do Trabalho

Agências Internacionais

O presidente da Bolívia, Evo Morales, decretou ontem uma nova onda de nacionalização de empresas. Durante ato de comemoração do Dia Internacional do Trabalho, na Praça das Armas, em La Paz, Evo anunciou que tomou o controle de quatro companhias petrolíferas e uma empresa de telecomunicações, todas de capital estrangeiro.

Três petrolíferas foram nacionalizadas por decreto: a Chaco, de capital britânico; a transportadora de hidrocarbonetos Transredes, de capital britânico e holandês; e a Companhia Logística de Hidrocarbonetos da Bolívia (CLHB), de capital alemão e peruano.

Evo justificou a decisão de baixar o decreto pela ¿falta de vontade das empresas¿ em negociar. O ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, declarou à imprensa local que, em um dos casos, os acordos falharam por ¿questões operacionais¿ e, nos demais, o desacordo foi em relação ao preço de compra das ações.

Com a Repsol-YPF, de capital espanhol e argentino, que controla a companhia petrolífera Andina, Evo fechou um acordo em que o governo boliviano ficou com 50% da participação mais uma ação da empresa. Com isso, a Bolívia recupera a maioria acionária em 18 campos de petróleo, onde a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) assume o controle.

Em discurso para celebrar os dois anos de nacionalização do setor de hidrocarbonetos, Evo lembrou que, em maio de 2006, a Bolívia recebia US$ 300 milhões pelo gás ao ano, volume que aumentou para US$ 1,7 bilhões, em 2007, e deverá passar dos US$ 2,5 bilhões, em 2008. Segundo ele, essa riqueza ¿é de todo o povo boliviano.¿

ENTEL

Após três anos de negociações infrutíferas, ontem, Evo decretou também a nacionalização da Empresa Nacional de Telecomunicaciones (Entel), subsidiária da italiana Euro Telecom Internacional (ETI).

No ano passado, Evo havia anunciado planos para recomprar a participação majoritária na Entel - uma ex-estatal -, mas as negociações com a Telecom Italia SpA se arrastaram. Os termos da nacionalização não estão claros, embora Evo tenha dito que os empregados da companhia vão manter seus empregos.

A Bolívia privatizou a Entel em 1995 e concedeu 50% de participação para a Stet International em troca da promessa de a companhia italiana de investir US$ 608 milhões para melhorar o serviço. A Stet, mais tarde, se uniu à Telecom Itália, que afirmou ter gasto mais do que o valor exigido para construir a maior rede de telefonia celular e de internet na Bolívia.

Contudo, o governo boliviano reclama que a Telecom Italia não realizou todo o investimento prometido e deve cerca de US$ 25 milhões em impostos.

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