Título: Países asiáticos estudam formar cartel do arroz
Autor: Fuller, Thomas
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2008, Negócios, p. B8

Tailândia, Vietnã, Camboja, Mianmar e Laos querem fixar preço do produto

Thomas Fuller

O primeiro-ministro tailandês Samak Sundarajev declarou na quarta-feira que o seu governo vai tentar a formação de um cartel de países produtores de arroz em parceria com o Vietnã, Camboja, Mianmar e Laos. ¿Não temos a ambição de ser como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), esperamos apenas formar um grupo de cinco membros para ajudar um ao outro na comercialização do arroz no mercado mundial¿, disse Sundarajev ao jornal The Nation.

O governo da Tailândia, o maior exportador mundial de arroz, trabalha há anos com a idéia de usar sua posição dominante no mercado para influenciar o preço do arroz da mesma maneira que a Opep tenta determinar o preço do petróleo.

O plano parece estar no seu estágio inicial. ¿Acho que é hora de fazê-lo, provavelmente antes do final do atual mandato¿, afirmou Noppadon Pattama, ministro do exterior tailandês, na última quarta-feira.

Mas, caso dê certo, o cartel poderia impor conseqüências drásticas ao mercado do arroz, mantendo os preços nos atuais valores - os mais altos da história - e piorando uma crise alimentar que prejudica os consumidores mais pobres da Ásia. O preço do arroz tailandês tipo B, uma variedade padrão, quase triplicou nos últimos meses e agora gira em torno de US$ 1 mil por tonelada.

A manutenção dos preços do arroz agradaria aos grandes produtores de países como a Tailândia e o Vietnã, mas irritaria lugares como as Filipinas, Cingapura e Hong Kong, que dependem muito do arroz importado. Os planos para a criação do cartel ganharam a primeira página dos jornais filipinos na terça-feira.

A coalizão que atualmente governa a Tailândia recebe a base do seu apoio das áreas rurais, e Sundarajev parece ansioso para capitalizar sobre o aumento no preço do arroz. Os produtores de arroz tailandeses agora ¿têm uma oportunidade¿, disse ele em uma entrevista recente.

Ao contrário do milho, trigo e outros grãos amplamente comercializados pelo mundo, apenas um pequeno número de países exporta o arroz. Os maiores produtores mundiais - China, Índia e Indonésia - consomem a maior parte da sua safra no mercado interno.

Graças a um delta vasto e fértil, que permite aos agricultores realizar colheitas três ou até quatro vezes ao ano, a Tailândia exporta cerca de 10 milhões de toneladas por ano, duas vezes mais do que o Vietnã, o segundo maior exportador, e três vezes mais do que os Estados Unidos.

Os preços do arroz subiram drasticamente em março e abril após muitos países exportadores, como o Brasil, Egito, Índia e Vietnã, anunciarem a restrição às exportações para garantir o abastecimento doméstico.

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