Título: Executiva do PT veta aliança com Aécio
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2008, Nacional, p. A6

Apesar da proibição, o comando petista autorizou a parceria com o PSB na capital mineira, o que abre caminho para um acordo branco

Vera Rosa, Brasília

Depois de dois meses de impasse, a Executiva Nacional do PT decidiu ontem vetar a aliança com o PSDB do governador de Minas, Aécio Neves, para a eleição à Prefeitura de Belo Horizonte. Em resolução aprovada à noite, a cúpula petista deixou claro que não autorizará, 'em nenhuma hipótese', o PT a participar de coligação integrada pelo PSDB. O documento destaca que o simbolismo de uma aliança entre os dois partidos 'extrapola a dimensão política de um simples acordo municipal' porque o governo Aécio 'não se coaduna com o que o PT quer para Minas e muito menos para o Brasil'.

Apesar de esticar a corda com Aécio, o comando petista autorizou a parceria com o PSB na capital mineira, o que abre caminho para um acordo branco. Motivo: o acerto fechado entre o governador e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), prevê que o candidato à sucessão municipal seja Márcio Lacerda, que é filiado ao PSB. O problema é que Lacerda, afilhado político do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), é visto como um tucano infiltrado na aliança por ser secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio.

Na prática, o PT pode até aprovar a dobradinha desde que o PSDB não apareça formalmente na chapa e fique escondido na campanha. Para garantir o tempo de TV no programa eleitoral, o PSDB deve lançar um candidato laranja e apoiar Lacerda sem mostrar a cara.

'Nós não podemos proibir ninguém de apoiar informalmente um candidato', afirmou o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), secretário-geral do PT. 'Esse acordo foi vetado porque sinalizava que a eleição de 2008 era uma referência para 2010 e não vamos permitir nenhuma aproximação programática com o PSDB.' A parceria entre petistas e tucanos em Belo Horizonte é, até agora, o primeiro movimento relevante para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. A direção do PT brecou o namoro por entender que jogaria água no moinho de Aécio, pré-candidato do PSDB à cadeira de Lula.

Pimentel reagiu com irritação à decisão da Executiva do PT. Em nota, o prefeito classificou a decisão como 'politicamente equivocada e estatutariamente não embasada'. Ele prometeu usar 'todos os recursos disponíveis' para reverter a proibição, 'fazendo prevalecer a decisão soberana dos delegados eleitos pelo voto direto da base do partido em Belo Horizonte'. Pimentel atribuiu a resolução da comissão 'ao profundo desconhecimento da direção nacional do partido em relação à realidade' da relação entre petistas e tucanos na capital e no Estado. Aécio recebeu a notícia com 'surpresa', mas também com 'tranqüilidade', disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). COLABOROU EDUARDO KATTAH

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