Título: Governo vai leiloar estoque de arroz, mas recua na restrição à exportação
Autor: Salvador, Fabíola
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2008, Economia, p. B7

No próximo dia 5 serão ofertadas 55 mil toneladas por R$ 28 por saca, preço inferior ao praticado pelo mercado

Fabíola Salvador, Brasília

O governo decidiu ontem que fará leilões semanais de arroz dos estoques do governo para tentar conter a alta dos preços no atacado e no varejo e para evitar movimentos especulativos por parte dos produtores até a entrada da nova safra. No primeiro leilão, marcado para o próximo dia 5, serão ofertadas 55 mil toneladas, que serão vendidas por R$ 28 por saca de 50 quilos, preço inferior ao praticado no mercado interno, R$ 35 por saca. O produto a ser leiloado é antigo, da safra 2004/05.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, confirmou ainda que o governo decidiu suspender as exportações de cerca de 500 mil toneladas de arroz dos estoques públicos, mas ressaltou, diante da reação negativa dos produtores, que as vendas da iniciativa privada continuam liberadas.

Ele não descartou a possibilidade de adotar medidas para restringir as vendas externas do cereal em 'casos extremos', mas afirmou que, no momento, o governo não estuda medidas adicionais para garantir o abastecimento interno e afastou a possibilidade de taxar a exportação de produtos agrícolas.

'Não há intenção de adotar medidas restritivas em termos de taxação. Não pensamos nisso no momento, mas numa situação extrema (de desabastecimento) podemos chegar às barreiras, mas esse limite ainda não existe', afirmou Reinhold Stephanes.

Ele calculou que em teoria o País teria condições de exportar até 1,5 milhão de toneladas de arroz por ano, mas as vendas anuais têm somado 800 mil toneladas. 'Nossa preocupação é que não passemos deste limite', disse.

Ele lembrou que os estoques públicos de cerca de cerca de 1,4 milhão de toneladas e o produto que está em poder da iniciativa privada, 1,8 milhão de toneladas, são suficientes para garantir o abastecimento interno, estimado em 13 milhões de toneladas. Até fevereiro de 2009, final do ciclo da cultura, o ministério estima que o mercado interno contará com 15,18 milhões de toneladas de arroz.

O vice-presidente de mercado, política agrícola e armazenamento da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Marco Aurélio Marques Tavares, disse que os preços do arroz nos Estados Unidos, grande fornecedor mundial, dobraram nos últimos meses.Ele participou ontem, em Brasília, de uma reunião entre representantes da cadeia produtiva do arroz com técnicos da Secretaria de Política Agrícola do ministério.

Stephanes não esteve na reunião, mas disse, no final da tarde de ontem , que o governo tem pedido aos produtores para que não vendam seus estoques para o mercado externo.

Nessas conversas, contou Stephanes, os fornecedores têm dito que têm interesse em manter o mercado brasileiro abastecido. 'O grande mercado dos produtores de arroz é o Brasil. O governo reforçou essa tendência que eles já têm', afirmou.

Ele negou que o governo tenha pedido para que os exportadores não vendam no mercado externo. 'Nós vamos deixar o mercado fluir, desde que não haja risco de desabastecimento', concluiu o ministro.

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