Título: Para presidente da Eletrobrás, tarifa de Itaipu é justa
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2008, Economia, p. B9

Segundo Lopes, decisão do governo sobre ajuste não vai prejudicar acionistas

Alberto Komatsu, Rio

O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, afirmou ontem que o atual preço pago pelo País ao Paraguai pela energia excedente gerada na usina hidrelétrica binacional de Itaipu é 'justo' e qualquer modificação na tarifa será uma decisão de governo. Segundo o executivo, o objetivo é não prejudicar os acionistas privados da Eletrobrás, uma das proprietárias de Itaipu.

'Sem dúvida nenhuma, a engenharia de Itaipu, quer econômica e financeira, quer operacional e de construção, foi uma obra de arte. O capital inicial (para a construção) foi de US$ 150 milhões e é uma usina que vale hoje US$ 70 bilhões', afirmou Lopes, após receber uma homenagem do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. 'Se vai ter algum ajuste, algum complemento, alguma interação, essa é uma coisa que será definida em nível governamental, mas sem prejuízo à Eletrobrás e a seus acionistas.'

De acordo com Lopes, o Brasil negocia outros projetos binacionais com países como Argentina e Venezuela. Com os argentinos, o contrato seria para fornecer até 2 mil megawatts. O país vizinho passa por uma crise energética. 'A integração tem que ser uma troca de ônus e bônus', afirmou.

Também no evento, o diretor de engenharia da Eletrobrás, Valter Cardeal, lembrou que o Brasil bancou todo o investimento para a construção de Itaipu e que até deverá 2023 haver a amortização desse desembolso. 'Sob o ponto de vista do tratado e de custos do serviço, está perfeito. E, mais do que isso, justo, muito justo', afirmou o executivo.

JIRAU

O Conselho de Administração da Eletrobrás vai decidir na próxima semana qual subsidiária, além de Furnas, vai poder participar do leilão da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, marcado para o início de maio, informou Lopes. O executivo lembrou que a participação de Furnas está garantida por um acordo firmado entre a subsidiária e a construtora Odebrecht.

'O que o conselho não pode alterar é o acordo de Furnas com a Odebrecht', afirmou, acrescentando que, se dependesse dele, esse acordo não teria sido realizado. Ele disse que, nas futuras concorrências, a Eletrobrás deverá participar de forma integrada.

Como parte dessa política, Valter Cardeal afirmou que a integração de duas linhas de transmissão localizadas em sistemas isolados, que serão leiloadas no dia 27, vai permitir uma economia de cerca de 80% na Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis dos Sistemas Isolados (CCC), de R$ 3,5 bilhões ao ano. São recursos necessários para produzir energia em regiões que fazem fronteira com países como Venezuela e Colômbia.

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