Título: Rede elétrica tem 1 defeito a cada 500 m
Autor: Reina, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/04/2008, Metrópole, p. C1

Sindicato denuncia que fios de energia têm falhas graves a cada 2 km e há risco de apagão em SP; empresas negam

Eduardo Reina

A rede de distribuição de energia elétrica da Eletropaulo na Região Metropolitana de São Paulo, incluindo a capital, tem um defeito a cada 500 metros, em média. Mais: há um defeito grave a cada 2 quilômetros. A denúncia é do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, que aponta falta de manutenção nos equipamentos e também risco iminente de novos apagões, por defeitos que não foram sanados.

A empresa atende a 24 municípios dos 39 que compõem a Grande São Paulo e é a que mais recebeu multas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por apresentar problemas no fornecimento de energia ao consumidor. Em dez anos, foram 120 autos de infração, somando R$ 22,321 milhões em multas. Há 38.730 quilômetros de linhas aéreas da Eletropaulo, sendo 92% desse total ligadas a postes; o restante é subterrâneo.

Juntamente com a Eletropaulo, as outras concessionárias que atendem à região metropolitana - Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) e Bandeirante Energia - já tiveram de pagar R$ 33,586 milhões em multas por desligamentos, descumprimentos do prazo para entrada em operação, problemas de operação e manutenção, transgressão dos padrões de indicadores de qualidade, descumprimento de determinações da Aneel, problemas de atendimento ao consumidor, falhas de procedimentos de manutenção, problemas com consumidores e faturamento indevido. No total, as três receberam 144 autos de infração, que vão desde advertências até multas, segundo a Aneel.

Basta andar pelas ruas para verificar os defeitos na rede da Eletropaulo. São problemas nas cruzetas de madeira - base de sustentação dos fios nos postes -, nos transformadores e pára-raios, em fusíveis, isoladores e nos postes, muitos em situação precária, com ferragem aparente. ¿Quanto mais de periferia for o bairro, pior fica a situação. Mas tem também defeitos em áreas perto do centro¿, disse Carlos Alberto dos Reis, vice-presidente do sindicato.

¿As empresas continuam sem fazer a manutenção preventiva e não ampliam as fontes novas de energia. As companhias têm deixado de investir nos equipamentos. Os resultados são os recentes acontecimentos de explosão e falta de energia em São Paulo¿, critica o sindicalista. A Eletropaulo nega que exista falta de manutenção. De acordo com o gerente de operação da empresa, Fernando Mirancos, há vistoria periódica na rede aérea e também nas subestações. ¿Se esses defeitos apontados causassem problemas de desligamento de rede, eu saberia. Não foram consertados porque nossa vistoria ainda não detectou ou não passou pelo local ainda¿, explicou Mirancos.

A secretária de Estado de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Penna, disse ao Estado no dia 9 que a vida útil de muitos equipamentos em operação em São Paulo já passou dos 30 anos. Eles devem ser repostos urgentemente. Foi enviada ao Ministério de Minas e Energia uma lista de prioridades, como a construção de outras subestações de transmissão e a ampliação da rede de distribuição.

No dia 15, parte da região central da capital ficou às escuras por uma hora, por causa do rompimento de uma cruzeta da rede que distribui energia próximo dos Campos Elísios, de acordo com o Sindicatos dos Eletricitários. Pelo menos 10 mil pessoas ficaram sem luz, incluindo universidades na região. ¿Isso prova a falta de manutenção¿, disse Reis. A Eletropaulo informou que houve problema em um relé na saída da Subestação Barra Funda, que causou o desligamento de circuito.

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