Título: Paulo Renato bancou hotel para namorada com verba oficial, acusa PT
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2008, Nacional, p. A16

Notas fiscais apontam que ex-ministro usou, em 2001, recursos da conta tipo B para pagar hospedagem em SP e MG

O senador João Pedro (PT-AM) apresentou ontem um levantamento sobre a prestação de contas do ex-ministro da Educação e hoje deputado Paulo Renato (PSDB-SP) para apontar supostas irregularidades em seus gastos. Notas fiscais enviadas à CPI dos Cartões e apresentadas ontem pelo petista indicam que, em março e em setembro de 2001, Paulo Renato usou recursos da conta tipo B para pagar hospedagem dele e de Carla Grasso, na época sua namorada e atualmente sua mulher, em hotel em São Paulo e Minas.

Segundo o levantamento do senador, foram R$ 2.153,10 no Hotel Sheraton Mofarrej, em São Paulo, durante o feriado de 7 de setembro de 2001, e R$ 562,30, entre os dia 10 e 11 de março de 2002, no Ouro Minas Palace Hotel.

A legislação proíbe que ministros paguem despesas de hospedagem e alimentação para terceiros. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, também pagou diárias para mulher, filha e uma babá, em um hotel quatro estrelas, em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde esteve hospedado em um fim de semana. Silva foi o ministro que pagou uma tapioca com cartão corporativo.

CARROS

No levantamento feito por João Pedro, um dos integrantes da CPI dos Cartões, também foi detectado o uso por Paulo Renato de uma mesma locadora de veículos - a LCM Transportes - no Rio de Janeiro. As notas fiscais apresentadas entre janeiro de 2001 e agosto de 2002 têm número de série praticamente seqüencial e somam, nesse período, gastos de cerca de R$ 25 mil com o aluguel de carros na capital fluminense. Além disso, entre janeiro e dezembro de 2001, Paulo Renato foi 37 vezes ao Rio de Janeiro. ¿Se tudo isso não ficar bem esclarecido, não descarto a possibilidade de convocar o ex-ministro para depor na CPI e esclarecer esses fatos¿, afirmou João Pedro.

Em nota oficial, o ex-ministro rebate as acusações do senador petista. ¿O nome da senhora Carla Grasso, hoje vice-presidente da companhia Vale, consta em duas notas de hotel por ser minha esposa¿, argumenta. A assessoria do tucano explicou que ele não sabia ser proibido o pagamento de despesas de hospedagem e alimentação para terceiros.

¿Na questão dos aluguéis de carros, não há similaridade com os gastos efetuados por meio de cartões corporativos pelos ministros do atual governo¿, sustenta a nota de Paulo Renato. ¿A empresa LCM era paga segundo normas vigentes no Ministério da Educação e continuou a ser utilizada após o término da minha gestão em 2002.¿

O ex-ministro aproveita para desafiar o senador petista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a divulgarem seus gastos com recursos públicos. ¿Reitero meu compromisso com a transparência, bem como o meu desafio ao presidente da República, aos seus ministros e ao suplente de senador pelo PT do Amazonas, que me acusa, a tornarem públicos os seus gastos de representação¿, diz Paulo Renato, em sua nota.

RESPOSTA

Esta é a primeira vez que parlamentares da base aliada contra-atacam publicamente a oposição, mostrando gastos que consideram irregulares de ex-ministros do governo de Fernando Henrique Cardoso. João Pedro admitiu que a divulgação dos gastos de Paulo Renato é ¿uma resposta ao governo do PSDB, que utilizou principalmente a conta tipo B sem nenhum critério e sem observar as regras estabelecidas¿. Desde que a CPI dos Cartões começou, em meados de março, a oposição tem se empenhado em vasculhar contas do atual governo e mostrar gastos irregulares de ministros do governo petista.

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