Título: China cede à pressão internacional e aceita reunião com líderes tibetanos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2008, Internacional, p. A25

Inesperado anúncio de Pequim é bem recebido pelo porta-voz do dalai-lama, pelos EUA e pela União Européia

Ap e Reuters

A China anunciou ontem que se reunirá com representantes do dalai-lama, líder espiritual do Tibete. A decisão foi tomada depois de semanas de pressão internacional e de protestos contra a China, que ameaçam prejudicar os Jogos Olímpicos de Pequim. O anúncio é também um primeiro passo para acalmar a tensão após a dura reação de Pequim contra os manifestantes que exigem mais autonomia para o Tibete, ocupado em 1950.

Pequim acusa o dalai-lama - que abandonou o Tibete após uma fracassada revolta em 1959 contra o governo comunista - de orquestrar a onda de protestos, que começou em março no Tibete e estendeu-se a outras áreas da China nas últimas semanas. O líder religioso de 72 anos nega a acusação. O dalai-lama diz que busca uma autonomia significativa para a estratégica região, fronteiriça com o Himalaia, mas a China diz que o líder tibetano quer dividir o país.

Segundo nota divulgada pela agência Nova China, o governo chinês disse esperar que ¿por meio de discussões e contatos, o dalai-lama tome decisões para pôr fim às atividades separatistas, complôs, violência e ações para perturbar e sabotar os Jogos Olímpicos - e com o objetivo de criar condições para uma nova negociação¿. A agência não deu detalhes sobre o encontro nem disse quem participará dele.

A inesperada notícia foi recebida favoravelmente por um porta-voz do líder tibetano e Prêmio Nobel da Paz, que vive exilado na Índia. ¿É um bom passo, pois somente as negociações diretas podem levar à solução do problema tibetano¿, disse o porta-voz Tenzin Taklha.

A iniciativa chinesa foi bem recebida pela comunidade internacional. ¿Estamos felizes, é algo que o presidente (George W.) Bush incentivou Hu (Jintao) a fazer¿, disse o porta-voz da Casa Branca, Gordon Johndroe.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que assumirá a presidência rotativa da UE durante os Jogos Olímpicos, considerou que ¿é uma etapa importante e traz verdadeira esperança¿. Após a violenta repressão aos manifestantes no Tibete, em março, Sarkozy havia indicado a possibilidade de não ir à cerimônia de abertura dos Jogos e insinuado que isso dependeria da retomada e evolução do diálogo entre a China e o dalai-lama. Ontem, Sarkozy disse que ainda não decidiu se irá à cerimônia, alegando que ainda faltam quatro meses. França e China viveram um clima de tensão nos últimos dias, com chineses boicotando os produtos franceses e manifestando-se diante de supermercados da rede Carrefour por causa dos protestos durante a passagem da tocha olímpica por Paris, no início do mês.

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