Título: Carga tributária subirá de novo, dizem analistas
Autor: Fernandes, Adriana; Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2008, Economia, p. B4

Para especialistas, só redução de alíquotas e eliminação de tributos evitariam nova alta

e Renata Verissimo

Especialista em contas públicas, o consultor Amir Khair disse que os dados da arrecadação da Receita Federal no primeiro trimestre indicam que a carga tributária deve continuar sua escalada em 2008, pesando cada vez mais no bolso dos contribuintes.

Segundo ele, com o fim da CPMF, era de esperar uma redução da carga tributária. Mas o crescimento da economia, o lucro forte das empresas, da massa salarial, a melhoria da fiscalização da Receita e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) para compensar a extinção da CPMF estão impulsionando a arrecadação.

Nas contas do economista e consultor tributário Clóvis Panzarini, os contribuintes brasileiros pagaram R$ 18 bilhões a mais em impostos neste trimestre, ante o mesmo período de 2007, levando-se em conta o IPCA, já descontada a inflação.

Se a CPMF não tivesse sido extinta, ressaltou Panzarini, a arrecadação teria sido de R$ 26 bilhões, ou R$ 8 bilhões a mais. ¿O fim da CPMF nos salvou de um castigo ainda maior¿, disse. ¿Sem dúvida, estamos pagando muito mais impostos.¿

Para Khair, ¿é hora de o governo reduzir as alíquotas dos impostos indiretos, como a Cofins e o PIS¿. ¿Só com uma redução de alíquotas ou eliminação de tributos como no caso da CPMF será possível reduzir a carga tributária¿, afirmou..

Panzarini defende que a ¿sociedade faça um movimento contra os gastos do governo e a roubalheira, pois o imposto é a conseqüência, é uma taxa de condomínio¿.

Panzarini lembra que apenas um pedaço da arrecadação fica com o governo federal, que tenta equilibrar seu orçamento sem a CPMF. Outra parte vai para Estados e municípios.

BOMBANDO

¿A arrecadação de todos os tributos está bombando com o crescimento da economia¿, afirmou Khair, que espera uma expansão de 6% do PIB neste ano.

Pelos cálculos do economista, a carga tributária do País fechou 2007 em 35,9% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 34,6% em 2006. De 1991 a 2007, a carga teve elevação de 0,67 ponto porcentual a cada ano.

Segundo Khair, existe um aumento estrutural da arrecadação pública em períodos de crescimento econômico. Isso ocorre porque a arrecadação acompanha o crescimento do PIB. ¿Além disso, vem ocorrendo há vários anos maior eficiência da arrecadação por causa da informatização, que permite a integração de sistemas, de cadastros e um controle amplo sobre os contribuintes¿, explicou.

O crescimento do lucro das empresas e da massa salarial acima do PIB é outro fator que impulsiona o aumento da carga. ¿O governo pega carona nesse crescimento, pois sua arrecadação é diretamente proporcional a essa evolução¿, disse Khair.

O economista Raul Veloso acha que a arrecadação não continuará subindo no mesmo ritmo nos próximos meses, pois a economia tende a desacelerar. Ele disse, ainda, que o contribuinte está pagando mais porque também está ganhado mais.

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