Título: Decisão de reajustar gasolina é da Petrobrás, diz Mantega
Autor: Warth, Anne; Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2008, Economia, p. B8

Segundo ele, País não costuma seguir vaivém das cotações do petróleo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Brasil não costuma condicionar reajustes dos combustíveis a mudanças nas cotações internacionais do petróleo. ¿Quando o preço (internacional) está baixo, em geral se mantém o preço (no Brasil). Quando o preço (externo) sobe, também se mantém. É uma decisão da Petrobrás.¿

Indagado sobre eventual preocupação com o impacto da alta do petróleo nas projeções de inflação, que já superam o centro da meta estipulada pelo governo, o ministro disse que ¿não viu nenhum número novo em termos de projeção¿. ¿Os números são publicados toda a semana e nenhum supera a projeção de meta de inflação, supera o centro (da meta)¿, disse Mantega. Ele lembrou que o regime de metas de inflação ¿é o centro mais a banda¿. ¿Não vamos nos esquecer¿, ressaltou.

O ministro foi enfático ao dizer que o Brasil ¿está perfeitamente dentro do regime de metas de inflação, cumprindo à risca o que está no regime¿.

Depois de participar da inauguração da nova unidade petroquímica da Braskem, em Paulínia, no interior de São Paulo, e diante do presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não saber se o preço da gasolina vai aumentar no País. ¿Por enquanto, não recebi nenhuma informação, e se receber essa informação, de qualquer forma, essa discussão terá de passar pelo governo¿, disse.

Lula lembrou que o último aumento de gasolina anunciado pela Petrobrás ocorreu em 2005 e observou que, nesse período, o preço do barril de petróleo saiu de cerca de US$ 30 para valores próximos dos US$ 120.

¿Portanto, temos uma defasagem. Ao mesmo tempo, para que possamos tomar medidas de aumento de qualquer coisa na área de combustíveis, precisamos ver qual implicação vai ter na inflação.¿ Questionado por jornalistas, Gabrielli recusou-se a falar sobre o assunto.

TABU

A escalada do preço internacional do petróleo e a necessidade de um novo reajuste nos combustíveis tornou-se um assunto-tabu entre os diretores da Petrobrás. Ontem, ao informar que a Petrobrás acumulou um déficit de US$ 775 milhões em sua balança comercial de petróleo e derivados no primeiro trimestre - ante um superávit de US$ 528 milhões no mesmo período em 2007 -, o diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa, foi indagado sobre a possibilidade de um reajuste reverter o quadro.

Costa esquivou-se do tema e disse que só falaria sobre os números da balança, e não teceria comentários em relação ao preço.

O reajuste dos combustíveis é avaliado por analistas do mercado como ¿urgente e necessário¿ diante da nova alta do preço do petróleo, que elevou o barril para a faixa dos US$ 120. Segundo eles, a falta de reajuste prejudicou os resultados da estatal no primeiro e segundo trimestres do ano, por causa de uma diferença de quase 30% em relação aos preços internacionais.

Segundo Costa, há a perspectiva de reverter o quadro negativo da balança já no fim do segundo trimestre, com a entrada em operação de novas plataformas e a elevação no ritmo de produção de unidades que iniciaram suas atividades no ano passado. Os números oficiais da empresa, porém, indicam a previsão de fechamento do ano com déficit de US$ 475 milhões.

Ontem, o diretor da Área Internacional da estatal, Jorge Luiz Zelada, disse que a Petrobrás promete ser mais agressiva quando houver interesse em alguma aquisição. Depois de perder a disputa pelos ativos da Esso no Brasil para ao Grupo Cosan, a estatal quer avaliar novas oportunidades e continua estudando a compra dos ativos da Esso na América do Sul.

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