Título: Oi anuncia a compra da BrT em negócio avaliado em R$ 12,4 bilhões
Autor: Brandão Junior, Nilson; Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2008, Negocios, p. B20

Depois de quatro meses de negociações, Oi acerta a compra da BrT, mas negócio ainda depende de mudança de lei

A novela de quatro meses de negociação entre os controladores das operadoras Oi e Brasil Telecom teve um ponto final ontem com a assinatura do acordo de compra, por R$ 5,863 bilhões da BrT. Ponto final que, na verdade, ainda é uma interrogação. O comprador oficial não é a Oi. Por causa dos impedimentos legais para junção de duas empresas de telefonia fixa, foi usado um ¿comissário¿: o banco Credit Suisse, que assinou o contrato. Depois de alterada a legislação, sai o comissário e entra o grupo Oi, que poderá gastar até R$ 12,4 bilhões na operação total.

O acordo sacramenta a criação da quarta maior empresa nacional em faturamento do Brasil, segundo a consultoria Economática. Atrás somente da Petrobrás, Vale e Gerdau. Em seu setor, será a primeira empresa de telecomunicações em faturamento, ultrapassando a Telefônica, atual líder.

Além dos recursos a serem pagos aos controladores da BrT, outros R$ 6,5 bilhões poderão ser gastos em ofertas públicas pela participação de acionistas minoritários. O anúncio, sucessivas vezes adiado, foi feito ontem, em pleno horário de funcionamento do pregão da Bolsa de Valores. As negociações com ações das duas companhias foram suspensas, em São Paulo e em Nova York.

A compra já estava sendo anunciada e os acionistas das duas empresas - todos, menos Daniel Dantas, do Opportunity, que assinou antes a papelada e enviou representantes à sede da Telemar Participações - ainda assinavam calhamaços de papéis. ¿Foram quase cem contratos¿ revelou um dos envolvidos na negociação. Desde as 10 horas os representantes dos acionistas (Previ, Petros, Funcef, GP, La Fonte, Andrade Gutierrez, Citigroup, BNDES, Banco do Brasil, Opportunity) estavam de prontidão para a assinatura do acordo.

O anúncio formal foi feito às 18 horas, pelo presidente executivo da Oi, Luiz Eduardo Falco, que assumirá também a presidência da nova companhia. O presidente da BrT, Ricardo Knoepfelmacher, não participou da festa. Viajou a trabalho a Nova York. A amigos, informou que volta ao Angra Partners - gestora de recursos que criou e foi responsável pela participação dos fundos de pensão na BrT - assim que a incorporação entrar em vigor. Falco prevê que a mudança do Plano Geral de Outorgas (PGO) pela Anatel, que permitirá a formalização da compra, esteja concluída em três meses.

A estrutura societária da nova companhia será infinitamente mais simples que a atual: Tele Norte Leste controla a Telemar, que controla a BrT. Os principais cargos já estão definidos. Os dois sócios privados que comandarão o grupo indicaram seus representantes: Pedro Jereissati (ex-diretor financeiro do Grupo Iguatemi e filho do empresário Carlos Jereissati, do La Fonte) ocupará a presidência da Tele Norte Leste e Otavio Azevedo (presidente do Grupo Andrade Gutierrez, de Sérgio Andrade), a presidência do conselho da Telemar.

A operadora pagará R$ 4,98 bilhões pela compra do controle da BrT, que estava nas mãos da Solpart, empresa da qual fazem parte o Citigroup, os fundos de pensão e o Opportunity. Outros R$ 888 milhões serão usados para a compra de participações diretas que o Citi e Opportunity também tinham, fora da Solpart.

A Oi pretende fazer oferta pública para a compra de um terço das ações preferenciais da BrT em circulação no mercado, operação que poderá sair por até R$ 3 bilhões. Fará oferta também aos ordinaristas, que têm direito de receber por seus papéis 80% do valor pago pelas ações do bloco de controle. Essa poderá movimentar outros R$ 3,5 bilhões.Toda a negociação foi costurada pelos bancos Citi, representando a Brasil Telecom, e Credit Suisse, pela Oi.

SÓCIOS

Os controladores do Grupo Oi reestruturaram também a composição societária da holding. Andrade Gutierrez e La Fonte compraram participações de sócios na holding TmarPart. Deixaram a controladora o Citigroup, o Opportunity e a GP Participações. Com isso, Andrade e Jereissati consolidaram o controle do grupo, com fatias de 19,34% cada um, junto com a participação de 11,5% da Fundação Atlântico, dos empregados da Telemar, num total de 50,18%.

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