Título: Lula vai dar mais crédito à produção de alimentos
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2008, Economia, p. B6
Avaliação é de que consumo está em expansão e agronegócio vai crescer
O governo já tem uma estratégia de curto prazo para enfrentar a crise mundial dos alimentos: vai estabelecer incentivos, inclusive de crédito, para que os agricultores não escolham o que plantar só a reboque da ¿onda do preço bom¿, e vai transformar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa espécie de ideólogo do ¿Brasil, celeiro do mundo¿. Lula discursará cada vez mais para convencer os grandes e pequenos agricultores de que vale a pena apostar na produção de alimentos - para consumo interno e para exportar. Também vai reforçar a idéia de que seu governo não duvida que ¿agricultura e indústria têm de caminhar lado a lado¿.
Segundo um assessor direto do presidente, que conversou com o Estado na sexta-feira, Lula vai insistir na melhora do desempenho do agronegócio sob o argumento de que a palavra ¿crise¿ não explica bem o que está acontecendo. Na avaliação do Planalto, a demanda por produtos agrícolas está em expansão no mundo todo e, tão cedo, não vai esfriar esse crescimento de renda que permite que mais gente esteja se alimentando melhor na China, na Índia, no Brasil e em toda a América Latina. Em síntese, Lula pregará: ¿Produzam porque tem mercado¿, e lembrará que muitos países reduziram sua área plantada.
Para mostrar que não ficará só na retórica, o presidente vai se reunir com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, e pedir uma política de crédito específica para os setores que estão enfrentando problemas, provocando alta de preços e pressionando a inflação. As políticas serão voltadas, principalmente, para produtos como o feijão, um dos vilões da alta inflacionária do mês passado. O governo estuda, além do crédito, isenções tributárias que possam beneficiar os produtores. O governo também vai olhar com mais atenção os casos do arroz e do trigo.
`ONDA DO PREÇO¿
Uma das preocupações adicionais do Planalto é com a falta de regularidade na produção de determinados alimentos. Os agricultores brasileiros concentram suas culturas em produtos que estão com preços em alta e vão alternando o cultivo conforme a ¿onda¿ dos preços.
O governo não pretende intervir no setor por entender que o mercado é livre e pode investir onde achar mais conveniente. Pretende, no entanto, criar políticas de créditos específicas para tentar regular o mercado. Espera com isso que o produtor que planta feijão, por exemplo, não mude de cultura simplesmente ao sabor do preço. A idéia é fazer com que haja uma produção continuada e regular de produtos como arroz e feijão, que não são commodities.
Na reunião de coordenação política do dia 14, assim como durante a mais recente viagem à Europa (Holanda e República Checa), Lula disse aos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e da Secretaria-Geral, Luiz Dulci, que o governo tem de mostrar que o País superou a idéia de que os países não podem ser, ao mesmo tempo, pólos de desenvolvimento industrial e agrícola. Para Lula, os países avançados têm esta dupla dimensão.
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