Título: Estratégia montada em Brasília tem bons e maus
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/04/2008, Economia, p. B18
O chefe, o bom e o mau. Esses três personagens entraram em cena no debate sobre como tratar as reivindicações paraguaias a respeito de Itaipu. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no papel de chefe, demarcou os limites da discussão, ao afirmar, desde o primeiro momento, que não se mexe no Tratado de Itaipu. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Paraguai poderia ter uma ¿remuneração mais adequada para sua energia¿.
Já o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi taxativo: ¿A tarifa é justa.¿ Além dele, o diretor brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, e o presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes, reafirmaram que não há razão para mexer nas tarifas.
O que parece ser um festival de cabeçadas dentro do governo é, na realidade, um único ponto de vista defendido a partir de ângulos diferentes. Celso Amorim faz um discurso que dá apoio à integração política e econômica com o Paraguai, por isso acena com um entendimento. Edison Lobão e os técnicos da área, que farão as negociações do ponto de vista financeiro, não têm nenhum motivo para fazer concessões antes mesmo de as conversas começarem.
BOLÍVIA
Em uma circunstância totalmente diferente, o bom e o mau estiveram em cena durante a crise entre o Brasil e a Bolívia. Logo após a edição do polêmico decreto que nacionalizou as reservas de gás do país e o presidente boliviano, Evo Morales, pôs tropas do exército no portão das refinarias da Petrobrás, o presidente da estatal brasileira, José Sérgio Gabrielli, bateu duro.
Disse que as novas condições ¿tornam as operações de gás praticamente impossíveis na Bolívia¿. O Planalto, por sua vez, pôs panos quentes na situação. ¿A decisão do governo boliviano de nacionalizar as riquezas de seu subsolo e controlar sua industrialização, transporte e comercialização é reconhecida pelo Brasil como um ato inerente à sua soberania¿, dizia nota oficial divulgada logo após o episódio.
Dias depois, Lula resumiu: ¿Se eu não briguei com o Bush, não briguei com presidentes de países ricos, por que vou brigar com o Evo Morales?¿
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